Crítica
Ouvimos: Wagner Almeida, “Com cuidado”
- O mineiro Wagner Almeida volta com seu sexto disco, Com cuidado, acompanhado por Clara Borges (baixo e vozes), João Pedro Silva (bateria), Fábio de Carvalho (guitarras), Gabriel Elias Sadala (guitarras e trompete) e Mateus Gregori (sintetizadores).
- Wagner tem influências de “sons que remetem às décadas de 1980 e 1990” (como afirma no comunicado de lançamento). O álbum novo foi anunciado por três singles, Saldo, Primordial e Simples e legal. A gravação do álbum foi feita ao vivo no Estúdio Mortimer, em Belo Horizonte.
- O cantor está em turnê durante esse mês, divulgando o novo álbum.
O som de Wagner Almeida pode ser definido tranquilamente como shoegaze, mas com uma certa ousadia e elaboração nas músicas que faz lembrar mais o som de bandas como o Smashing Pumpkins, ou um “lance” folk e quase emepebístico perdido em meio a canções ruidosas. É o que acontece nos dez minutos de Irrompe, a faixa de abertura desse Com cuidado, volta e meia divididos entre rajadas de guitarra-baixo-bateria e interlúdios de violão. No release, Wagner afirma inclusive que soma influências de rock alternativo dos Estados Unidos e do Clube da Esquina – faz sentido e dá uma cara diferente para o som dele.
Com cuidado, fazendo jus inclusive ao normal do pop-rock-MPB mineiro, exige um pouco mais de contemplação e concentração – são nove faixas em 45 minutos, com letras e melodias introspectivas, e diferentes artes em algumas músicas. O nome do álbum não foi dado à toa: o material versa sobre o cuidado, ou a falta dele, no dia a dia, em relacionamentos amorosos, amizades. Fala, às vezes de forma enigmática e particular, sobre relacionamentos que perdem o sentido de uma hora para a outra, como em Meu coração, você sabe, ou amizades que parecem perder o sentido, como no power pop tristonho Simples e legal (“eu sempre imaginei que você fosse se tornar um cara simples e legal/eu sempre me importei e sempre acreditei”), quase sempre com rajadas de guitarra e baixo que caberiam bem nos primeiros discos do Teenage Fanclub, ou do Drop Nineteens, só que num tom bem mais lo-fi. Já canções como a faixa-título vêm num clima mais tranquilo, quase baladeiro. Acontece também em Todos perguntaram por você, uma música quase toda de voz e guitarra, aproveitando o eco do estúdio como um efeito à parte.
Nota: 8
Gravadora: Geração Perdida de Minas Gerais
Foto: Arthur Lahoz/Divulgação.