Crítica

Ouvimos: Underworld, “Strawberry hotel”

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  • Strawberry hotel é o décimo-primeiro álbum do Underworld, dupla britânica de música eletrônica formada por Karl Hyde e Rick Smith. O próprio Rick produziu o disco.
  • É o primeiro álbum do Underworld desde 2019, quando saiu o projeto experimental multimídia Drift. A dupla encerrou recentemente uma turnê pela pela Europa, que começou com quatro shows na Holanda antes de seguirem para Alemanha, Dinamarca, Noruega, Bélgica e Reino Unido.

Duração extensa (quase 70 minutos) e combinações de beats e climas quase psicodélicos marcam o novo disco do Underworld, Strawberry hotel – que, por sinal, nem sequer abre com nenhum tipo de batidão eletrônico. Black poppies, a abertura (e um dos singles) é definida certeiramente por eles como “uma canção de amor celestial”, seguida pela eletrônica acid de Denver luna, encerrada com batidas e corais.

Se for julgar pela abertura de Strawberry hotel, o Underworld volta mais decidido a massagear o cérebro dos ouvintes do que propriamente a ser reconhecido apenas como uma banda de techno-beat. Mesmo canções bem dançantes como Hilo sky e Techno shikansen (esta, adornada no final com efeitos sonoros que mais parecem samples de barulho de chuva), têm esse design sonoro. Que surge facilitado pela mixagem dos sintetizadores, pelos vocais declamados como se os músicos estivessem “vendo coisas”, e pelo investimento em módulos sonoros de beleza quase espacial.

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Tons experimentais surgem em Ottavia, batidão que serve de trilha sonora para um discurso falado (por uma voz feminina) sobre feminismo e patriarcado (“enterrei minha tristeza numa angústia tácita”, encerra o texto). Os batidões prontos para alguém fazer algum remix em cima surgem no minimalismo de In the colour red (que em alguns momentos se torna uma “música de computador” no clima do álbum Computer world, do Kraftwerk) e em boa parte de Sweet lands experience.

Lewis in Pomona, não fosse pelo clima de rave, lembraria bastante (a partir dos vocais) uma música de alguma banda psicodélica esquecida, como Electric Prunes. Já Burst of laughter é um rock (progressivo?) reduzido a células rítmicas e transformado em música eletrônica – trazendo uma letra sobre pessoas feridas e que se sentem solitárias. King of Haarlem surge com um house levinho e quase meditativo, só que com vocais lembrando um raggamuffin do meio para o fim da música. No final, tem o folk instrumental, orgânico e étnico de Stick man test, e as progressões e os sons circulares de Gene pool e Iron bones. Tudo em Strawberry hotel dá uma sensação de mergulho.

Nota: 9
Gravadora: Smith Hyde Productions/Virgin

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