Crítica

Ouvimos: Ugly, “Twice around the sun” (EP)

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  • Twice around the sun é o primeiro EP da banda britânica Ugly. O grupo tem Sam Goater (voz, guitarra), Harrison Jones (guitarra), Theo Guttenplan (bateria), Harry Shapiro (baixo), Jasmine Miller-Sauchella (voz, teclados) e Tom Lane (teclados).
  • O grupo se conheceu na faculdade em Cambridge, e já foi um trio e um quarteto antes de assumir a nova formação. O nome Ugly não tem uma razão específica além do fato da banda ter achado que seria legal subir no palco e falar: “Olá, nós somos feios”. Ironicamente, Sam trabalhou como modelo por um bom tempo.
  • Goater cresceu num lar religioso e ouvia muito Simon & Garfunkel, além de música cristã, em casa, com a família. Em 2019 afirmou que se interessava muito por histórias bíblicas, “porque foram uma boa parte da minha infância”.

Não se iluda com a demonstração técnica de floreios vocais que abre o primeiro EP do Ugly. The wheel, a primeira faixa, inicia com várias vozes a cappella voando pelos fones de ouvido. As vozes do Ugly são realmente belas no disco todo, mas início dá uma ideia apenas parcial do que realmente é essa banda de Cambridge, na Inglaterra – e que por sinal teve que acrescentar um UK ao lado do nome, nas plataformas, por causa de um xará metaleiro norte-americano.

Rapidinho, na mesma faixa (que tem mais de sete minutos), entra uma espécie de pesadelo musicado, que serve de ponte para uma das coisas mais progressivas que você vai escutar em 2024. A canção ganha ritmos quebrados, ambientação sonora que lembra uma mescla de hard rock e sons latinizados (mais ou menos como o Yes ou o Focus) etc. Mas tudo parece meio maníaco e variado, mais próximo de uma variação atual das viagens art rock dos anos 1970 – ou uma espécie de prog que fãs de indie rock e até de punk podem ouvir.

Sha, na sequência, parece um soft rock feito de maneira bem independente, quase para não tocar no rádio – ou tocar numa rádio bem alternativa. Icy windy sky lembra algo entre MPB dos anos 1970, Beach Boys e Steeleye Span, com solos de violão e vocais melódicos e fortes, mas prosseguindo com partículas de ruído em momentos escolhidos. Sherpherd’s Carol é o progressivo mais formal do álbum, e lembra um desvio post-rock da mescla com jazz rock dos anos 1970, que pegou bandas como Yes, Genesis e O Terço. Hands of man abre partindo da sombra do rock dos anos 1990, mas vai ganhando outros tons em seguida. I’m happy you’re here, que encerra o disco, tem tantos momentos diferentes, do folk lo-fi ao som mais viajante e puro, que nem me atrevo a colocá-la num rótulo.

Apesar de ser considerado pela banda como um EP, Twice around the sun tem mais de trinta minutos e seis músicas. Mas já daria para ser tido como um álbum inteiro, até pela quantidade de surpresas contidas nele. É o tipo de disco que não cabe em definições fáceis e que precisa ser ouvido várias vezes.

Nota: 9
Gravadora: Independente.

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