Crítica
Ouvimos: Tuyo, “Quem eu quero ser”
- Quem eu quero ser é o projeto infantil do trio curitibano Tuyo, formado por Lio e Lay Soares e por Jean Machado. “Para nós a maneira mais franca e segura de conversar sobre infância num disco seria fazer dele uma homenagem à nossa própria, na honestidade de sempre”, afirma o grupo aqui. Amigos como Érica Silva (produção, direção musical), João Milliet (mixagem) e Felipe Tichauer (masterização) participaram da elaboração.
- O disco surgiu de um convite da plataforma criativa Platoon UK. “Já tínhamos vivido uma parceria muito legal no duplo single De música/Mais um dia pelo projeto Brazilian Lullabies, tempos atrás. Então, sabendo da liberdade que teríamos, aceitamos de pronto”, contam.
O trio curitibano Tuyo já havia lançado um disco de carreira neste ano, Paisagem. Desta vez, a banda solta outro disco em 2024, só que bem mais conciso (oito faixas, 25 minutos) e voltado para o público infantil. Quem eu quero ser soa como um disco de indie pop para crianças, voltado para a mescla de estilos como r&b e synth pop. Músicas como Pode ficar feliz têm sonoridade lembrando levemente Tears For Fears, Dógui leva a sonoridade para um tipo leve de drum’n bass, e aparece até um dub tranquilo em Cantinho do pensamento. O design sonoro, em vários momentos, lembra trilhas de anime.
As letras adotam uma visão mais positiva de infância, falando sobre sobre temas como querer adotar um cachorro (Dógui), enfrentar os desafios do dia (a solar Acordei, dos versos “fui pro mar cheio de conchinhas/cada peixe me dizia: vamos lá/a coragem veio de mansinho/é que eu acordo devagar”), futuro (Quem eu quero ser) e bagunça (Tudo tem hora). O disco-indie-pop na cola do Tahiti 80 Criança põe os direitos e aspirações da criança na letra de forma bem assertiva (“criança não é projeto de adulto funcional/criança não é o seu bichinho virtual/criança não é adereço, é personagem principal”), e o dub de Cantinho do pensamento põe na letra as sensações do castigo e das proibições, após os integrantes do Tuyo tentarem rememorar o que significava ser impedido de brincar na infância, por ter feito alguma traquinagem. Para as crianças, e para a criança indie que vive no adulto.
Nota: 8
Gravadora: Independente