Crítica

Ouvimos: Titãs, “Microfonado”

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  • Microfonado é o mais novo álbum dos Titãs, gravado com a formação de trio (Branco Mello, Sergio Britto, Tony Bellotto). A produção do disco foi feita por Rick Bonadio, criador da série que dá nome do disco, com apresentações intimistas de estúdio, ao lado de Sergio Fouad.
  • A lista de convidados do disco inclui Ney Matogrosso, Preta Gil, Lenine, Major RD, Vitor Kley, Bruna Magalhães e Cyz Mendes. Beto Lee (guitarra) e Mario Fabre (bateria) completam a banda.

Vamos começar pelos lados bons desse Microfonado: 1) pelo menos uma música boa do fraco Olho furta-cor (disco mais recente de inéditas da banda), o forrócore Raul, sai bastante valorizada desse disco de releituras, com direito a uma boa participação de Lenine; 2) o esforço, a resistência e afinação (mesmo em condições adversas) de Branco Mello durante músicas como A melhor banda de todos os tempos da última semana e Como é bom ser simples – essa, com participação de Preta Gil – são de emocionar; 3) sobressai a força da história da banda, ainda que hoje os Titãs sejam três e as lembranças da turnê Titãs encontro, com sete integrantes da formação clássica, além do produtor Liminha, estejam bem frescas.

Essas são as coisas boas do disco. O complicado é que quase metade do repertório é de Olho furta-cor, um disco que falhou justamente porque os Titãs pareceram esquecer de como já haviam combatido alguns dos maiores inimigos citados nas músicas da banda (polícia, preconceito, padrões), em prol de canções bem pouco brilhantes. Alguns convidados (como Cyz Mendes, Ney Matogrosso e Major RD) dão uma cara nova no repertório, até mesmo em músicas não tão legais – no caso de Major, ele acrescenta um rap anti-fascista e digno de nota a Cabeça dinossauro. Uma curiosidade é Sergio Britto apresentando uma espécie de workshop de composição ao piano, antes de tocar a enjoadinha Porque eu sei que é amor – cuja nova versão, também curiosamente, soa mais como Nando Reis solo do que como Titãs.

Microfonado não é um disco exatamente acústico. É um álbum semi-acústico, com algumas guitarras aqui e ali, mas que acaba soando como desplugado por associação aos lançamentos menos guitarreiros da banda. Hoje, a marca “Titãs” virou um estado de espírito, uma invocação, e um modo de pensar arranjo, composição, dinâmica de banda e construção de carreira em rock brasileiro – dá para ver isso até em álbuns de bandas e artistas nacionais mais recentes. Por isso mesmo, faz falta que o grupo, mesmo em formato de trio, se reencontre efetivamente consigo próprio em estúdio. Pra ontem.

Nota: 5,5
Gravadora: Midas Music.

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  • Temos dois episódios sobre duas fases diferentes dos Titãs no nosso podcast Pop Fantasma Documento (aqui e aqui).

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