Crítica

Ouvimos: Thurston Moore, “Flow critical lucidity”

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  • Flow critical lucidity é o nono disco solo do ex-Sonic Youth Thurston Moore. No álbum, ele toca ao lado de Deb Googe (My Bloody Valentine) no baixo, James Sedwards na guitarra/piano/órgão/glockenspiel, Wobbly (também conhecido como Jon Leidecker) na eletrônica e Jem Doulton na percussão.
  • O single Sans limites tem vocais de Lætitia Sadier, do grupo de música eletrônica Stereolab. O álbum tem produção de Thurston e de sua atual esposa, Eva Prinz, que fez as letras de Flow usando o codinome Radieux Radio
  • Flow sai pela gravadora de Thurston, a Daydream Library Series, que também funciona como editora. “Lançamos o que queremos. Somos apenas uma gravadora independente do nosso apartamento em Londres, e fazemos livros sempre que conseguimos dinheiro suficiente para fazer algo”, contou aqui.

Na partilha do Sonic Youth, ficou com Kim Gordon a elaboração de discos mais originais, mais voltados para a desconstrução do que se entende como rock, e menos voltados para qualquer coisa que seja colocável dentro de gavetinhas. Seu ex-marido Thurston Moore já vinha desenvolvendo carreira solo na época da ex-banda dos dois. O que no início era um spin-off do SY hoje se tornou uma carreira de verdade, mas vale citar que Flow critical lucidity, nono álbum de Moore, mostra que ficou com o músico a função de se reaproximar de uma estética mais parecida com a fase mais velvetiana do Sonic.

Flow tem coisas que caberiam em discos sombrios do Sonic, como NYC ghosts and flowers (2000) e Murray street (2002), num clima que faz lembrar a fase 1969 do Velvet Underground – verdadeira fonte de inspiração para várias bandas ao redor do mundo, mais até do que a parte inicial da história do grupo de Lou Reed. A filiação vanguardista do novo álbum de Thurston já começa no ruído oriental de New in town, com toques perturbadores na guitarra, distorções e percussões servindo de trilha sonora para uma autoficção (ou não) envolvendo a ex-banda do músico, e – talvez – as indecisões do final abrupto da banda: “Sei que estou errado, mas faço o meu melhor para dar um passo nessa direção/sem dúvida/estou olhando para frente, caminhando pela estrada”. O mesmo tom meditativo toma conta de Sans limites, quase um instrumental, que ganha letra (com versos em francês) lá pela metade, e tem um riff que parece um assalto à melodia de Samba do avião, de Tom Jobim (!).

Shadow e Hypnogram são mais o próximo que Flow apresenta do formato canção estabelecido por Thurston e seus ex-colegas, o mesmo (quase) acontecendo com Rewilding. Já as extensas We get high e The diver soam como faixas de um disco meditativo produzido por John Cale.

Nota: 8
Gravadora: Daydream Library Series

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