Crítica

Ouvimos: The Velveteers, “A million knives”

Published

on

Se o Velveteers tivesse surgido lá por 1997, seria uma dessas bandas que fazem as pessoas “acreditarem de novo no rock” – mais ou menos como acontecia com grupos como Garbage na mesma época. Como uma banda atual, eles enfrentam o desafio de competir com uma enxurrada de lançamentos, artistas e estilos musicais. Ao mesmo tempo, têm a sorte de existir em um mundo que reconhece Nevermind, do Nirvana, como um clássico, que enxerga o shoegaze não apenas como uma cena autocelebratória, mas como uma estética em ascensão, e que acompanha de perto – e à distância – a escalada de Billie Eilish no cenário musical.

É meio por aí que A million knives, novo disco do grupo, floresce. O Velveteers é experimental o suficiente para ser um trio de guitarra, bateria e bateria, às vezes próximo da estileira sonora de Jack White. É sexy o bastante para que Dani Demitro, a vocalista, explore um vocal melódico e sinuoso, às vezes próximo de Billie, às vezes lembrando uma crooner macabra dos anos 1960, ou um canto de sereia, em meio ao peso sonoro do grupo. E é sensível o suficiente para fazer de A million knives um disco sobre vulnerabilidades, sobre a máquina de moer gente do mercado musical.

A million knives é marcado por canções ruidosas e misteriosas com cara 60’s, como Suck the cherry, Round in leather (um Blondie do mal, com batida pós-disco e clima misterioso herdado de Lou Reed), Fix me, Take it from the top (quase uma mescla de B-52s e Nirvana) e a faixa-título. O design musical sombrio do grupo aponta também para um indie pop pesado (So fly away, quase um r&b grunge) e para faixas ágeis, herdadas do punk setentista e do rock dos anos 1990 (On and on, Sweet little hearts, See your face). Em linhas gerais, um som que funciona como uma nuvem sonora de peso, sujeira – esta, especialmente na gravação de vocais – e sensibilidade no entendimento do mundo e da vida.

Nota: 9
Gravadora: Easy Eye Sound
Lançamento: 14 de fevereiro de 2025.

Trending

Sair da versão mobile