Crítica

Ouvimos: The Jesus Lizard, “Rack”

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  • Rack é o sétimo disco da banda norte-americana Jesus Lizard, e o primeiro álbum do grupo desde 1998 – após algumas idas e vindas, eles se reuniram de vez em 2017, quando comemoravam aniversário de 30 anos.
  • O grupo está com a mesma formação dos primeiros discos: os fundadores David Yow (voz), David Wm. Sims (baixo) e Duane Denison (guitarra), além do baterista Mac McNeilly, que entrou só em 1989.
  • “Eu não sei qual é a nossa mensagem. Talvez nós reflitamos a turbulência do mundo ao nosso redor. Nós sempre fizemos isso. Somos um mecanismo de fuga para isso. Você pode perder a cabeça em um mar de volume, ruído e feedback”, contou recentemente Yow ao site Louder Than War.

Só coloque na sua banda o nome “Jesus lagarto” se você tiver uma enorme tendência à marginália musical, e não tiver problema algum com isso. Bom, esse tipo de coisa nunca foi problema pro Jesus Lizard, uma banda norte-americana voltada para o rock ruidoso, cuja origem vem de um grupo mais apodrecido ainda (o Scratch Acid, do qual saíram os co-fundadores David Yow e David Wm Sims). No fim, eles acabaram vencendo por alguns anos: um split single gravado com o Nirvana acabou ajudando o JL a conseguir um contrato com a Capitol, que rendeu dois discos (Shot, de 1996, e Blue, de 1998). A estadia na gravadora grande não deu certo, o contrato foi encerrado antes do tempo e o Jesus Lizard encerrou atividades.

O Jesus Lizard soa, às vezes, mais próximo daquela sonzeira tipicamente anos 1990 que inspirou o stoner rock e uma série de bandas de “metal alternativo”. Bom, nem tanto, porque as ligações do grupo com a vanguarda roqueira estavam bastante claras nos vocais gritados e às vezes declamados de Yow, como numa transmissão radiofônica sinistra que acontecia enquanto o grupo descia o cacete nos instrumentos. Seja como for, de volta após 26 anos de separação, o Jesus Lizard está na casa certa: Rack, o novo disco, sai pela Ipecac (selo criado por Mike Patton), e a banda retorna em alto volume.

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Ainda que seja um grupo ruidoso, o Jesus Lizard consegue (e sempre conseguiu) soar mais técnico e arrumadinho que muitas bandas que seguem o mesmo estilo – volta e meia rolam coisas no som do grupo que soam mais próximas do art rock setentista, por exemplo. Mas Rack tangencia o punk e o stoner em faixas como Hide & seek, Swan the dog, a lenta Armistice day, o metal cromado Lord Godiva, a experimental e falada What if? e a ágil Moto (R). E lembranças dos Swans aparecem nos lamentos em alto volume de Alexis feels sick.

Nota: 8,5
Gravadora: Ipecac

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