Crítica
Ouvimos: Superheaven – “Superheaven”
RESENHA: Superheaven retorna após 10 anos com álbum epônimo: o som é grungegaze pesado, melancólico e noventista, com ecos de Soundgarden e Alice In Chains.
O Superheaven herdou muitas coisas do Soundgarden – principalmente a vontade de trabalhar sempre na calma. Se o Soundgarden surgiu em 1984 e só estourou nos anos 1990, o Superheaven foi além: deixou um hiato de dez anos (!) entre Ours is chrome e este novo álbum autointitulado.
Na prática, este é o segundo disco da banda com o nome atual – mas é o terceiro da carreira, se contarmos Jar, de 2013, lançado quando ainda se chamavam Daylight. Aqui, o grupo embarca de vez numa viagem grungegaze, misturando o peso do rock dos anos 1990 (pense em Soundgarden e Alice In Chains) com paredes de guitarra e uma boa dose de melancolia. As letras de algumas faixas reforçam esse clima: o mundo é cruel, o dinheiro manda em tudo e ninguém está nem aí – ou seja, um retrato cru da realidade.
Logo de cara, a sequência Human for toys, Numb to what Is real e Cruel times entrega esse espírito. A última, inclusive, tem ecos do Collective Soul dos primeiros tempos (lembra do sucesso Shine?) e do Stone Temple Pilots. Ao longo do disco, a veia sabbathiana do grunge aparece com força em faixas como Sound of goodbyes, Long gone, Next time e The curtain. Já Hothead soa como uma daquelas músicas que tocariam direto no rádio nos anos 1990.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
- Tem episódio do nosso podcast sobre Stone Temple Pilots aqui.
Com tudo isso, o novo trabalho parece confirmar uma impressão: o Superheaven é uma banda ótima que nasceu na época errada. Eles soam como se os jovens de camisa de flanela ainda estivessem tomando as ruas – e, de certa forma, talvez estejam.
Prova disso é o sucesso recente de Youngest daughter, faixa da era Daylight que viralizou no TikTok. Redescoberta por uma nova geração, ela devolveu visibilidade ao nome Superheaven – que, ironicamente, faz mais sentido agora do que nunca. Vai saber: talvez seja o bastante para trazer de volta a estética macambúzia dos anos 1990 às passarelas. Ou, quem sabe, só para fazer um barulho sincero mesmo.
Nota: 7,5
Gravadora: Blue Grape Music
Lançamento: 18 de abril de 2025.