Crítica
Ouvimos: Sugar Kane, “Antes que o amor vá embora”
- Antes que o amor vá embora é o novo disco da banda punk curitibana Sugar Kane, cuja formação hoje inclui Alexandre Capilé (voz, guitarra), Vini Zampieri (guitarra), Carlos Fermentão (baixo e backing vocals) e Pindé (bateria). O disco tem produção de Rafael Ramos e marca a estreia da banda na Deck.
- Há duas participações especiais no disco: Jup do Bairro canta em Agora, e Badauí (CPM 22) em Dormi no chão.
- A banda inicialmente preparou mais de trinta canções para o disco – mas só doze entraram. Boa parte do repertório saiu do baú do grupo, e foi feito em várias fases do Sugar Kane. “Abordamos sentimentos novos, mais otimistas do que os que escrevemos anteriormente. Tentamos mudar a perspectiva do mundo caótico e apocalíptico que temos no presente. É um disco mais alegre”, conta Vini.
Antes que o amor vá embora ajuda a eternizar o som do Sugar Kane, uma banda de hardcore que já existe há quase três décadas resistindo na independência. Dessa vez o grupo conta com produção especializada no assunto “rock nacional” – e a própria Deck encontra-se com a Deck do comecinho, responsável por documentar a nova cena do rock brasileiro, a partir de nomes como Pitty e Matanza, e do retorno às grandes gravadoras de nomes como Ira!.
No novo álbum, o Sugar Kane não necessariamente se tornou uma banda mais otimista, como afirmou até no release – o repertório mostra que a visão da banda sobre questões da vida é que foi se tornando mais madura, em faixas como Agora, Vai, Todos os dias e Dormi no chão (dos versos “eu já dormi no chão de muita casa/pra poder ficar junto/pra pertencer”). Boa parte do material aborda sobrevivência após a perda ou a desilusão, como Pelo avesso, Agora (com participação de Jup do Bairro recitando parte da letra), Óleo na pista e na história de desamor Original. Mas tem o momento “os punks também amam” em Pra sempre. Já Eu acredito une existência e protesto anti-fascista (“talvez a gente tenha aprendido alguma coisa/sobrevivemos separados dessa gente ruim”).
Num estilo que vive basicamente da união de peso, energia e melodia (e que por isso mesmo, desafia os músicos a criar coisas novas com uma matéria-prima simples), o SK volta apostando em refrãos explosivos, palhetadas, vocais gritados e músicas que, mesmo com as mudanças no cenário, permanecem apostando em punk para se ouvir a bordo de um skate. No final, Estávamos certos une hardcore (muito) e reggae (de leve) em torno de uma letra que soa como uma carta para um antigo eu do passado.
Nota: 8,5
Gravadora: Deck.