Crítica

Ouvimos: Steven Wilson, “The overview”

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Há duas maneiras de você curtir esse The overview, oitavo disco solo do cantor, compositor e produtor Steven Wilson, conhecido por liderar o Porcupine Tree, por seus diversos outros projetos pessoais, e por ter trabalhado em vários relançamentos de bandas clássicas de rock progressivo – Pink Floyd at Pompeii – MCMLXXII, nova versão do antigo filme do Pink Floyd, foi remixado por ele.

Nas plataformas, The overview é dividido em duas faixas enormes (Objects outlive us e a faixa-título), e num “disco 2”, tem as duas faixas divididas em vários pequenos excertos – o que acaba trazendo mais informação e facilitando a audição, já que o Spotify, por exemplo, costuma meter pequenos cortes em faixas emendadas uma na outra. E mais do que um disco de rock progressivo, The overview é um disco de rock espacial, que fala sobre o estranho tema do “efeito de visão geral” – uma distorção que acomete astronautas, que passam a enxergar o ser humano como algo bastante vulnerável em relação ao espaço sideral.

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Steven Wilson assume o papel de um astronauta que sofreu o tal efeito, e acaba construindo um disco progressista não apenas na música como também nas letras – sempre girando em torno do tamanho dos seres humanos diante do cosmos. No disco novo, ele convidou Andy Partridge, do XTC, para pôr esses sentimentos em palavras, durante alguns excertos. No segmento Objects: Meanwhile, da faixa Objects, Partridge faz lembrar ligeiramente de Household objects– aquele famoso disco nunca lançado em que o Pink Floyd tentava extrair música de garrafas de cerveja, isqueiros, jornais sendo rasgados e outras coisas. Isso porque, na letra, compras de supermercado, carros, filas de banco, telescópios e preocupações do dia a dia são jogados no mesmo buraco e no mesmo caos humano, sempre ligado ao cosmos e à natureza, e algo bem maior que tudo.

Já musicalmente, Steven consegue fazer de The overview uma linha do tempo, mais ou menos como já vinha fazendo com seus álbuns solo. Objects outlive us tem muito de Genesis na fase Peter Gabriel, em melodias e experimentações vocais. Em alguns excertos, como a própria Objects: Meanwhile, o baixo “cheio”, tocado pelo próprio Steven, parece evocar momentos parecidos de bandas como Yes, trazendo uma sonoridade espacial e cavalar. Em outros, como Cosmic sons of toll, o som evoca uma tranquilidade cósmica, que vai se tornando cada vez mais vertiginosa até o final. Já a faixa-título alterna momentos tecnológicos que aludem a Kraftwerk, com momentos próximos do folk – nos quais rolam vocais lembrando Crosby, Stills, Nash & Young e Yes. Enfim, The overview é esse disco ambicioso e cheio de detalhes a serem descobertos.

Nota: 10
Gravadora: Fiction
Lançamento: 14 de março de 2025.

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