Crítica
Ouvimos: Semisonic, “Little bit of sun”
- Little bit of sun é o quarto álbum da banda norte-americana (de Minneapolis) Semisonic, conhecida por hits como Closing time e Secret smile, e pelo segundo álbum, o bem sucedido Feeling strangely fine (1998, com essas duas faixas).
- A formação da banda sempre foi a mesma: Dan Wilson (voz, guitarra, teclados), John Munson (baixo, guitarra, teclados, backing vocals) e Jacob Slichter (bateria, percussão, teclados, backing vocals). O grupo existe desde 1995, mas desde 2001 (com exceção de uma reaparição rápida em 2006 e de uma tentativa de gravar um disco novo em 2010) estava inativo. Voltou em 2017 para shows comemorativos do primeiro disco, Great divide (1996).
- Antes do novo álbum, o Semisonic havia gravado um EP, You’re not alone (2020), com cinco faixas novas.
- Dan Wilson, vocalista do grupo, desenvolveu carreira solo durante a separação do Semisonic, e acumulou trabalhos como compositor. Co-escreveu inclusive três faixas do extremamente bem-sucedido álbum 21, de Adèle (2011).
Closing time, maior sucesso do Semisonic, costuma ser usado largamente como música de “encerramento”, seja de festas (de fato, é uma música boa para esvaziar pistas) ou de transmissões radiofônicas. No fim dos anos 199o, ela e a romântica Secret smile tocaram tanto que causaram ranço, o que escondeu de uma turma enorme o fato de que aquela banda que vinha da mesma terra de Hüsker Dü e Replacements (Minneapolis) era bem boa. Um grupo com origens no college rock norte-americano oitentista (os fundadores Dan Wilson e John Munson tiveram uma banda nos anos 1980 que chegou a ser aposta de gravadora, Trip Shakespeare) e os pés bem fincados na mesma onda pós-Byrds que gerou bandas como R.E.M.
O quarto álbum do grupo vem na batuta das canções mais diferenciadas da banda – como o hit Chemistry (outra que tocou por aqui) e Never you mind. Isso sem deixar de lado o apelo quase folk de boa parte do repertório do grupo, em faixas como Little bit of sun, Don’t fade away e All the time. Mas o Semisonic se dá melhor quando decide abraçar o rock de modo mais formal, como na homenagem ao estilo Grow your own, na punk e acústica Keep me in motion, e a intensa The rope – essa, em clima power pop, lembrando Todd Rundgren.
Riffs de piano herdados de Paul McCartney e clima lembrando a psicodelia britânica do começo dos anos 1990, por sua vez, marcam o rap-rock-gospel Out of the dirt. Já a ensolarada (e excelente) It wasn’t like we hoped it would be parece um comentário irônico da banda quanto às armadilhas do (in)sucesso, em versos como “as montanhas se ergueram sobre as planícies/não foi como esperávamos que seria/finalmente chegamos ao fim das árvores/não foi como esperávamos que seria”. Para quem está em busca de um disco companheiro e simpático para encerrar o ano, vale dar uma ouvida com atenção no tom amigo da violeira Only empathy, e no encerramento, com a balada country-rock Beautiful sky (com Jim James, do My Morning Jacket).
Nota: 8
Gravadora: Pleasuresonic
Foto: Reprodução da capa do álbum