Crítica
Ouvimos: Schlop, “Senhoras e senhores, cachorros e madames” (EP)
- Senhoras e senhores, cachorros e madames é o EP novo do Schlop, banda que faz lo-fi-do-eu-sozinha, comandada pela paulistana Bella Pontes, que aprendeu a tocar vários instrumentos sozinha, e gravou o primeiro álbum do projeto, Canções de amor para o fim do mundo (2023), usando um aplicativo de gravação do celular.
- “Eu passei a tocar todos os instrumentos porque eu sou muito ansiosa e a partir do momento que começo a compor, eu não consigo ficar quieta até finalizar a música. Se eu pego para ajustar alguma coisa dias depois, parece que eu já perdi o espírito do que eu queria criar e não sai algo tão legal quanto se tivesse feito na hora”, afirmou na época do álbum.
- E do EP, lançado em agosto, para cá, já saiu outro single do Schlop: o guitar rock Julia Butterfly.
O som de Bella Pontes, a mulher por trás do Schlop, é lo-fi caseiro, bedroom indie lembrando claramente o som de bandas como Vaselines, ou os começos de grupos como Guided By Voices e Pavement. O grupo tem uma formação-de-uma-mulher-só para os discos, mas transmuta-se em trio para os palcos (com Bella, Cadu Scalet e Ruan Yagami) e pouco antes desse EP Senhoras e senhores, cachorros e madames, já havia lançado um single neste ano, o pós-carnavalesco Eu sou o melhor nada.
Como já rolava no álbum Canções de amor para o fim do mundo, a música aqui soa como uma demo gravada em 1992 e deixada guardada numa gaveta, e parece reproduzir uma época – a do noise pop britânico dos anos 1980, que deixou filhotes no rock norte-americano da mesma época. É o que rola no punk noturno de O rei do velotrol, no dream pop de Is life really this? e Humor in my pain, e na paredinha de guitarras de Clássicos. Já Peixes fora d’água tem melodia doce, andamento metálico e certa cara de Breeders.
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Nota: 7,5
Gravadora: Independente