Crítica
Ouvimos: Panteras Venenosas, “Cigana assassina”
O Panteras Venenosas é a maior novidade que você vai achar no pós-punk nacional atual. Uma dupla de synth-pop em negativo, chegada a climas misteriosos e góticos, que mal tem cem seguidores no Instagram ainda, e que lançou seu primeiro álbum, Cigana assassina, na finaleira de 2024. Aliás, uma dupla de Brasília, que se esconde atrás dos pseudônimos Pantera Megera e Poison Baby.
Esse tom sombrio, misturando algo próximo de OMD, Ultravox, Saara Saara e Letrux (esta última, influência evidente dos dois, até na construção de letras), domina boa parte do disco, em faixas como Cigana assassina, o quase drum’n bass Abril, o synth não-pop meditativo de Mantra da estrela (“sempre fui sentimental/desde criança, sem esperança”) e o hi-NRG quase falado de Ai que saudade, com um tom quase contemplativo nos teclados. Já Emília é house-rock-gotico de terror e violência, com um som de guitarra chiando como uma sirene. Muitas canções do disco falam de paixões arrebatadores e doídas, com dependência emocional a rodo.
Uma curiosidade é que o álbum das Panteras Venenosas vai se tornando menos sombrio e mais zoeiro à medida que as canções vão avançando, como na dance music com carga rocker de Junkie, na viciante Cherry Coke (“vou matar aula pra tomar Coca-Cola”), no tom Ultravox-Erasure de Pagem e na referência a Alô alô marciano (Rita Lee e Roberto de Carvalho) da animada Mal me kiss. Toques de New Order surgem em Discussão e Bebê clichê, e Águas me lavem é um synthpop mais espiritual, quase um cântico. No final, Cereja faz o terror amoroso voltar a reinar.
Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 18 de dezembro de 2024.
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