Crítica

Ouvimos: Our Girl, “The good kind”

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  • The good kind é o segundo álbum da banda londrina Our Girl, formada pelo trio Soph Nathan (voz e guitarra), Josh Tyler (baixo) e Lauren Wilson (bateria). Soph faz parte também da banda The Big Moon.
  • O disco teve produção de John Parish, Soph e Fern Ford (baterista do The Big Moon), e é definido pela gravadora como “um álbum que explora temas de sexualidade, relacionamentos, comunidade e doença”. O single Something about me being a woman, segundo Soph, “pareceu o lugar perfeito para colocar muita frustração depois de perder a paciência com alguém que não estava me tratando muito bem. Acho que é importante dar às pessoas o benefício da dúvida, mas nesse caso foi longe demais, e cansei de lidar com os preconceitos de outra pessoa e como eles acham que têm o direito de me tratar”.

The good kind, segundo álbum do Our girl, poderia facilmente ter sido feito numa espécie de esqueleto folk, tranquilo e intimista – numa onda de trilha para filmes da Sessão da tarde, ou algo do tipo. De jeito nenhum: é um disco que une temas melancólicos e algo tristes, mas com atitude nas letras, e nas opções de design musical. A faixa de abertura, It’ll be fine, por exemplo, vai interessar a fãs do lado mais baladeiro do New Order, seguindo um lance tranquilo, mas com uma certa filiação 60’s na melodia.

Essa mistura de referências indie em meio a canções que exalam tristeza é uma das marcas de The good kind, em que músicas bittersweet como What you told me ganham clima guitar rock, com parede de guitarra e eco, e baixo estilo Kim Deal, e Who do you love soa como o já citado New Order em clima triste, com baixo e riffs de guitarra costurando a melodia. Em meio a sons lentos, Relief é uma das canções mais tipicamente “dançantes” do álbum, num clima que lembra as canções mais eletronificadas dos Smashing Pumpkins. O dream pop Unlike anything traz sons de guitarra sequenciados, viajando pelos dois canais, descambando para um soft-rock meio sombrio.

Ainda no disco, um certo tom de pós punk “lento” toma conta de Sister, enquanto a faixa-título, mais ou menos no mesmo clima, insere um arranjo vertiginoso de cordas que emenda num arranjo bem bonito e quase country. Something about me being a woman lança mão de um shoegaze leve, que vai se decortinando, como nas músicas do Mazzy Star e do próprio The Big Moon, banda original da cantora e guitarrista Soph Nathan – com uma letra realista sobre o caldo entornando num relacionamento tóxico e repleto de misoginia. “E se ela fosse um homem/você teria ainda feito isso?/e se eu fosse hétero, você ainda teria dito isso? (…) não sou de não perdoar/mas estou ficando um pouco cansada disso”, diz a letra.

Nota: 8,5
Gravadora: Bella Union

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