Crítica

Ouvimos: Nation Of Language, “Strange disciple”

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  • O Nation Of Language veio do Brooklyn, em Nova York, e tem sete anos de carreira. A banda é formada por Ian Richard Devaney (vocal principal, guitarra, sintetizador, percussão), Aidan Noell (sintetizador, backing vocals) e Alex MacKay (baixo). Strange disciple é o terceiro álbum do trio e saiu pela PIAS (antiga Play It Again Sam Records).
  • O grupo afirma que o tema do novo disco é “a paixão e como a realidade de uma pessoa pode ser distorcida por ela”. Too much, enough, uma das faixas, “nasceu de uma exaustão com o ciclo de notícias de 24 horas e a provocação de indignação que ele usa para deixar todo mundo permanentemente irritado”, diz o grupo.
  • A banda foi uma recomendação do episódio do nosso podcast Pop Fantasma Documento sobre o New Order entre 1987 e 1988

Dois amigos (ambos jornalistas de música) conferiram o som da banda norte-americana de synth pop Nation Of Language recentemente em festivais fora do Brasil. Ambos voltaram para casa decepcionados: um deles irritou-se com o grupo no palco, o outro fez nariz torcido para o som, que considerou incapaz de encher grandes espaços.

Maldade, vai: o Nation tem composições bacanas e parece se inspirar em coisas mais bacanas ainda, como a levadinha synth-bossa lembrando Hiroshima mon amour, da primeira fase do Ultravox, em Too much, enough, uma das faixas mais legais desse Strange disciple. Ecos dos momentos mais pop de Depeche Mode e da fase menos pop Human League, cruzados, surgem em músicas como o hit Sole obsession e A new goodbye. Já a baladinha Swimming in the shallow sea é o momento Velvet Underground-Jesus & Mary Chain do álbum, e Stumbling still abre com baixaria a la Peter Hook e combinação de batida eletrônica e synth. Há quem veja, como o site Pitchfork, ecos de bandas mais recentes como Cut Copy, Bloc Party e Yeah Yeah Yeahs (honestamente, nem tanto).

A julgar pelo terceiro disco do trio, não há nada demais em ter bom gosto musical e expor isso em letras, melodias e arranjos – caso queira ser atirado via teletransporte numa noitada pós-punk na Europa oitentista, é o que esses novaiorquinos vão fazer com você sem pedir licença. Muitas referências fáceis de serem achadas pressupõem pouca originalidade, o que pode ser um problema. A magreza do som da banda em algumas faixas talvez (quem sabe) torne o Nation Of Language uma excelente opção para clubes, e demais espaços nos quais o som é mais importante do que a venda de um milhão de ingressos – e não há nada de mal nisso. Para saudosos do synth pop, é um disco que vai grudar bastante no ouvido.

Nota: 7,5
Gravadora: PIAS

Foto: Shervin Lainez/Divulgação

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