Crítica

Ouvimos: Mukeka Di Rato – “Generais de fralda”

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RESENHA: Mukeka Di Rato lança Generais de fralda, punk direto e afiado com críticas sociais, crustcore veloz e participações como a de FBC.

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Completando em 2025 três décadas de história “sempre na luta antifascista”, a banda punk capixaba Mukeka Di Rato é um dos grupos nacionais mais fiéis a valores musicais estabelecidos desde o começo. Entre algumas poucas variações, seu som é o turbinamento do som crust que os Ratos de Porão já faziam em seus primeiros álbuns, como Crucificados pelo sistema (1984) – e é assim que eles se apresentam no disco novo, Generais de fralda, direto e conciso (treze faixas em inacreditáveis 20 minutos).

Desgraça capixaba, single que anunciou o álbum, já responde pelas variações sonoras: é um reggae punk irônico, distorcido, com paredinha de guitarra e riffs pesados, e cuja letra fala sobre o que sempre houve de podre na terra da banda, e que sempre era silenciado em nome do poder: “500 quilos de pasta-base no helicoca do senador”, “assassinos de Araceli, nomes de avenida” – referência ao assassinato da menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, ocorrido em 1973, quando ela tinha oito anos.

Do começo ao fim, Generais de fralda parece apenas uma faixa dividida em várias que vão surgindo uma da outra, como numa suíte punk de horrores do Brasil. A faixa-título fala sobre generais que “não valem a merda que cagam”, Predadores armados fala sobre como a violência é mascarada no Brasil (“agora seu filho é dado estatistico / de mais um dado isolado”), Se droga, Brasil! protesta contra o excesso de farmácias. Já faixas como Criança morta, Engenho de sangue, Fascism & big business, Filho da rua e os 21 segundos de Tá fácil morrer, tá fácil matar, são mais que diretas, autoexplicativas.

Generais de fralda tem também o punk melodioso, ligeiramente 60’s – e por isso, lembrando Ramones – de Somente moedas acendem velas. E o rapper mineiro FBC surge em Globo da morte, rap-punk sobre precarização do trabalho, marcado por um riff de guitarra apitando como uma buzina de fábrica. “Quem acendeu a maconha aqui? / dizem que perto das crianças não pode / a nao ser perto das crianças que vendem / de onde eu vim é mais ou menos assim”, afirma o convidado, ampliando o escopo de protestos no álbum.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Deck
Lançamento: 16 de maio de 2025.

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