Crítica
Ouvimos: Mclusky, “The world is still here and so we are”
Vindo do País de Gales, o Mclusky ficou 21 anos sem lançar disco novo – e enquanto isso, viu brotar uma geração sarcástica e abrasiva de novas bandas (nomes como Idles, Fontaines DC e outros). O trio também viu o pós-hardcore, estilo que abraço desde o começo, transformar-se em referência para vários artistas novos, dos mais variados estilos – hoje está cada vez mais claro que existem partículas de pós-hardcore na sonoridade de quem faz som com batidas quebradas e guitarras cruas.
The world is still here and so we are surge quando menos se espera e mostra que fazer punk rock nos dias de hoje é não se apegar a padrões. Unpopular parts of a pig, faixa de abertura, é porrada do início ao fim, punk socado na guitarra e na bateria, mas a banda ainda faz visitas ao reggae-punk (Cops and coppers), a algo que lembra o grunge (The battle of Los Angelesea, Not all steeplejacks e o blues-punk-metal de People person) e até a um ponto de união impensável entre Weezer e Helmet (o final, com Hate the polis). Sons que remetem ao pós-punk ganham espaço em Way of exploding dickhead e um discreto tom mod toma conta da batida de The competet horse thief – que ainda assim é bem próxima do som de bandas como Gang Of Four.
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A maneira menos intranquila de entender o som do Mclusky, ainda mais no novo disco, é que se trata de um cruzamento de referências que inclui Dead Kennedys, o Nirvana de Bleach (1989), podreiras do grunge como Tad e Melvins e bandas como Black Flag e Public Image Ltd. O fato do grupo lançar The world… pela Ipecac, gravadora de Mike Patton, ajuda a causar outras expectativas, mas o principal é que o Mclusky é daquelas bandas que você já sente o sarcasmo e a disposição para o incômodo nos primeiros rosnados e nos riffs que vão se sucedendo. Como numa língua universal.
Nota: 8,5
Gravadora: Ipecac
Lançamento: 9 de maio de 2025.