Crítica
Ouvimos: Marina Baggio, “Kissila”
A primeira coisa que chama a atenção no som de Marina Baggio é sua personalidade vocal – uma voz rouca, grave e original, sem gênero ou época definidos. Kissila, seu disco de estreia, produzido por Dadi (Novos Baianos, Marisa Monte, Jorge Ben), é basicamente um álbum de pop adulto sobre amor e sexo.
A faixa-título oscila entre folk e bossa nova e, com os vocais de Marina, ganha algo de música francesa. Agora só penso em você, parceria com Cezar Mendes e Chico Brown (que toca guitarra no disco), é um bolero com clima psicodélico. Delícia demais é uma bossa com vocal quase sussurrado, estileira sexy e evocações do Caetano Veloso no começo dos anos 1980. Gestos, música de Roberto Mendes, irmão de Cezar, lembra uma espécie de valsa, em que a voz de Marina toma conta do arranjo. Do meio para o final, tem o samba Chave de cadeia, com linhas vocais lembrando João Nogueira, além do blues de piano Sujeita à cobrança e do samba nordestino de Não aperte a minha mente.
Kissila é um álbum com jeitão de EP, finalizado com dois bônus – a versão instrumental, com Chico Brown na guitarra, de Agora só penso em você (com título mudado para Vinheita), e Chave de cadeia em inglês (com nome traduzido para um roqueiro Jailbreak). Num segundo álbum, urge aumentar e dar uma certa coesão para o repertório – mas o abre-alas já valeu.
Nota: 7
Gravadora: Atabaque
Lançamento: 13 de março de 2025.
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