Crítica

Ouvimos: Mapache, “Swinging stars”

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  • Swinging stars é o quinto disco do Mapache, banda de Los Angeles. O grupo promove um revival do som da Califórnia feito nos anos 1960/1970. Na formação, Sam Blasucci (piano e voz), Clay Finch (guitarra e voz), Steve Didelot (bateria) e Spencer Dunham (baixo). 
  • O grupo mistura versos em inglês e espanhol, e é definido pelo portal Allmusic como “hippiecentrado”. Blasucci e Finch chegaram a tocar numa banda de tributo ao Grateful Dead, o Grateful Shred.
  • Pouco antes de Swinging Stars, em junho, Blasucci lançou seu primeiro álbum solo, Off the stars, mais suingado e minimalista que o comum do Mapache, repleto de canções tocadas no piano Rhodes. Saiu também um EP, Lagniappe sessions, com músicas em italiano e espanhol.

O Mapache é uma viagem por várias sensações musicais herdadas do rock dos anos 1970: senso melódico herdado de Neil Young, David Crosby, Paul Simon e The Band, slide guitars, tons predominantemente folk-country, uma ou outra linha de baixo que poderiam estar num dos discos dos Secos & Molhados, letras que aconchegam como se tivessem sido compostas em Laurel Canyon lá por 1971 (“eu daria minha vida/só para deitar minha cabeça um pouco/tanta dor acordada à noite/me dizendo para sorrir”, dizem na viajante French kiss), sons de piano que são coisa de gente grande, e pelo menos um tema instrumental, Home among the swinging stars, que parece coisa do If I only could remember my name, de David Crosby. Além de uma dieta de Beatles que faz a banda construir verdadeiros tributos a Paul McCartney (a balada anos 1950 Sammy, sobre um personagem solitário que deseja ser uma estrela, e Midnight), e emular John Lennon (na venturosa Amazing).

O repertório soa nostálgico sem parecer mofado, como no folk estradeiro, cheio de guitarras slide, de What a summer, e na balada abolerada Hey, lembrando Beatles e Everly Brothers.  No decorrer do álbum, surgem músicas que aludem às “horas de sonho” do dia, como em Reflecting everything (“qualquer coisa que você sonhe/tem um jeito de aparecer/contanto que você esteja acompanhando o tempo”), Rainbow song Sentír (com letra em espanhol). Além de canções altamente descritivas e repletas de imagens, lembrando a fase American beauty do Grateful Dead (a paisagística Encimal canyon, lembrando o Harvest, de Neil Young, e construída sob uma mini-trama de guitarras).

Incrivelmente, o grupo só sai do caminho quando decide fazer uma letra de protesto, especialidade de vários inspiradores deles – People please, sobre opressão religiosa, homofobia e racismo, merecia versos melhores. Pouca coisa diante da surpresa que é Swinging stars.

Gravadora: Innovatice Leisure/Calico Discos
Nota: 8

Foto: Reprodução Bandcamp

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