Crítica
Ouvimos: Mannequin Pussy, “I got heaven”
- I got heaven é o quarto disco do Mannequin Pussy, banda punk da Filadélfia que tem em sua formação a vocalista e guitarrista Marisa “Missy” Dabice, a baterista Kaleen Reading, o baixista Colins “Bear” Regisford e a guitarrista Maxine Steen.
- O disco novo é o segundo álbum pelo selo Epitaph. Antes a banda gravava pelo Tiny Engines, selo especializado em punk, indie e emo. Em 2019, a gravadora foi acusada de quebra de contrato pelo não-pagamento de royalties – o próprio Mannequin disse ter ficado sem receber algumas quantias. Os álbuns pelo selo foram comprados pela banda e estão sendo disponibilizados pelo selo Romantic Records, do próprio grupo.
- Em 30 de outubro de 2021, um baita perrengue: a banda teve roubada uma van e um trailer com os quais excursionava, contendo mais de US$ 50.000 em equipamentos. Precisaram fazer turnê com equipamento emprestado.
Se fosse uma banda dos anos 1990 (década com a qual, em algumas músicas, é associada), o Mannequin Pussy provavelmente seria considerado “alternativo” demais, e sua receita musical demoraria para ser descoberta de verdade. Sendo uma banda dos anos 2010/2020, que já está no quarto álbum, veio na época certa para impressionar com sua mistura de referências e detalhes.
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O som é punk lembrando tanto formações riot grrl quanto girl groups dos anos 1960 (em Loud bark, feminismo e pé na porta nos versos “nem um único filho da puta que tentou me trancar/poderia colocar a coleira em volta do meu pescoço”) e o lado mais ruidoso do rock britânico oitentista (a romântica Nothing like soa como Jesus & Mary Chain com vocal feminino e guitarradas como as dos Smashing Pumpkins). I don’t know you, por sua vez, tem empoderamento na letra, e um tom pop e deprê na melodia, como se fosse o avesso do Fleetwood Mac da fase Rumours.
O que mais vai ficar na mente de quem ouve o novo disco desse grupo da Filadélfia, na verdade, é que se trata de uma banda pesada (e muito) e afrontosa (e bastante), unindo punk e vocais falados no hit I got heaven, partindo pro punk melódico em Sometimes, caindo dentro do hardcore em Of her, Aching e OK? OK! OK?OK! e do power pop de mal com a vida em músicas como Softly e Split me open.
Nota: 7,5
Gravadora: Epitaph