Crítica

Ouvimos: Madison Cunningham e Andrew Bird, “Cunningham Bird”

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  • Cunningham Bird é o disco que une a dupla de cantores e compositores Madison Cunningham e Andrew Bird. O álbum é uma regravação faixa-por-faixa do disco Buckingham Nicks, primeiro e único disco do casal Lindsey Buckingham e Stevie Nicks. O álbum saiu em 1973, dois anos antes da dupla entrar para o Fleetwood Mac – e nunca foi reeditado em nenhum formato.
  • “Eu dei a ideia a Madison. Nós estávamos procurando algo para fazer juntos por um tempo”, contou Andrew à Variety, dizendo que topou com o disco na loja de um amigo. Já conhecia a capa do álbum, mas nunca tinha ouvido antes. Madison conhecia a faixa Long distance winner, mas não o disco todo, e acrescenta que o fato de não ser um álbum pelo qual eles tinham afeto extremado ajudou na hora de fazer as covers.
  • A dupla enviou o álbum para Lindsey e Stevie – o primeiro tem sido “muito caloroso e amigável”, a cantora não respondeu ainda. “Isso é parte da história deles, e eles deveriam se orgulhar disso. É um disco superambicioso e ótimo”, diz Bird.

O disco Buckingham Nicks (1973), dividido por Lindsey Buckingham e Stevie Nicks pouco antes do então casal entrar para o Fleetwood Mac, é um mistério para muita gente. Ele nunca foi reeditado oficialmente em CD e foi sendo redescoberto a partir de cópias piratas, do YouTube e do compartilhamento de arquivos. Não é um item absolutamente indispensável da história do rock, mas algumas faixas são bem legais e mostram um projeto de estilo – que abarca o bittersweet californiano e um tom hippie de boutique, ambos prestes a marcar a história do Fleetwood Mac a partir de 1975.

Buckingham Nicks ganha agora um tributo, feito por Madison Cunningham e Andrew Bird – evidentemente chamado Cunningham Bird, aproveitando que até os sobrenomes entram na mesma métrica do original. A grande diferença é que se trata basicamente de um álbum de folk-country barroco e indie, com violinos, vocais doces e tonalidades até mais desafiadoras que no disco feito pelo ex-casal Lindsey e Stevie quando eles eram jovens inexperientes. E que levam para bem longe o clima “going to California” do disco de 1973.

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Esse som, bem menos comercial, é o de releituras como Crying in the night, do instrumental Stephanie (quase progressiva, com violoncelo e violão dialogando) e Crystal – esta última ganhando uma cara mais country, e tornando-se uma espécie de valsa psicodélica no final. Without a leg to stand on transforma-se numa espécie de bossa-folk hippie, com solo de flauta no fim, e lembranças do lado violeiro do Led Zeppelin no decorrer da música. Uma curiosidade do disco é o fato da voz de Madison lembrar até mais a de Christine McVie, a outra cantora e compositora do Fleetwood Mac, do que a de Stevie. Outra: capa e título foram reimaginados, dessa vez com o nome da mulher da dupla na frente, e uma foto quase new wave, sem o apelo sexy do original (que Stevie Nicks disse depois ter detestado fazer).

Don’t let me down again, que no original era um primo do Bachman-Turner Overdrive, volta como country sombrio e quase experimental – e surpreende por adequar um batidão quase disco, feito com instrumentos acústicos. O instrumental Django, de John Lewis, volta em clima nostálgico, quase como trilha para saloon vazio, tendo como sequência a releitura sombria da pessimista Races are run, de Nicks (“algumas pessoas vencem/algumas sempre têm de perder”, diz a letra). A romântica Lola (My love), feita e cantada por Lindsey, foi para a voz de Madison Cunningham. No final, Frozen love ressurge em clima melancólico e versão menor que a original (que tinha mais de sete minutos).

Nota: 8,5
Gravadora: Concord

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