Crítica
Ouvimos: Lenna Bahule, “Kwisa” (EP)
- Kwisa é o primeiro dos três EPs que a cantora moçambicana Lenna Bahule irá lançar em 2024. Ao final dos lançamentos, as músicas vão constituir o seu novo disco, Kumlango.
- O disco foi gravado com músicos brasileiros com os quais Lenna conviveu nos sete anos em que viveu no Brasil: Kabé Pinheiro (percussão), Kiko Woiski (baixo e voz), Ed Woiski (guitarra, efeitos e voz), Otis Selimane (percussão, bateria e voz), Maria Luana (vocal), Lilian Rocha (vocal) e Victória dos Santos (voz). Melanie Bourire, da Ilha da Reunião, e Lucas Macuacua, de Moçambique, estão também no disco.
Abrindo a trilogia Kumlango, que Lenna Bahule vai lançar até o fim do ano, Kwisa é apresentado pelo selo Da Lata Music com um texto indicando que há “algo de quase sobrenatural” em Lenna. De fato, Kwisa mostra os sons tradicionais de Moçambique como algo quase mágico. Como uma sonoridade pura, que vai surgindo de repente nos ouvidos e com a qual é preciso se acostumar – o que não é nada difícil. As quase marítimas Hoya hoya e Ngalila sofê, esta última com vocais de Lenna e da convidada Melanie Bourire, são as que mais soam como “brasileiras” – não pelas influências, mas pela maneira como os sons africanos têm sido assimilados no Brasil.
No restante do disco, os dois interlúdios (duas vinhetas que surgem no EP) soam quase como sonhos musicais, formados de vocal e percussão. As outras duas músicas são Nyamussorro, música de balanço quase intermitente e bastante dançante, e Kuphura kuphika, quase um afro-folk, bem particular.
Nota: 9
Gravadora: Da Lata Music.