Crítica
Ouvimos: Lathums, “Matter does not define”
Vindos de Wigan, cidade a meio caminho entre Manchester e Liverpool, os Lathums parecem um híbrido da música dos dois locais – e isso fica evidente no terceiro disco, Matter does not define. No Reino Unido, a banda já conquistou um bom espaço: abriu shows para os Killers, tocou em estádios antes de partidas de futebol e tem uma base de fãs fiel. Outra curiosidade é que o grupo surgiu de um projeto de uma escola de música – os integrantes foram reunidos por um tutor da instituição e, a partir daí, começaram a tocar juntos.
Por acaso ou não, este novo álbum marca um retorno às origens, já que John Kettle, o tal “tutor” da banda, divide a produção com Chris Taylor. O resultado se situa entre o pós-punk e um clima sessentista, evidente em faixas como Leave no stone unturned, uma balada nostálgica que remete a Paul McCartney, e Stellar cast, um indie pop com batida ska sutil, lembrando o início dos Kaiser Chiefs.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
O disco também se inclina bastante para o power pop, com músicas como Heartbreaker, No directions, Refections of lessons left (a “faixa-título” do disco, dos versos: “quando eles aprenderão que não é a matéria o que define um ser?/são os reflexos das lições que eles deixam”), Dynamite (que evoca os Raspberries) e Unrequited love, uma balada que tem muito de Big Star e também tem muito de Bon Jovi. São essas faixas que melhor definem a identidade sonora do álbum.
Na reta final, os Lathums exploram outros territórios: há influências de country, com o slide guitar de Knocking at your door; de pub rock, na animada The jester, que lembra a one-hit wonder Sister Hazel; e até um baladão nostálgico, Surrounded by beauty, que soa como uma mistura de The ballad of John and Yoko (Beatles) com It’s now or never (Elvis Presley). A escorregada vem justamente na última faixa, Long shadows, um blues-rock chatinho que lembra os momentos menos inspirados de Eric Clapton. Um raro tropeço num disco cheio de boas cartas na manga, vale dizer.
Nota: 8
Gravadora: Modern Sky UK/Island
Lançamento: 28 de fevereiro de 2025.