Crítica

Ouvimos: Justice, “Hyperdrama”

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  • Hyperdrama é o quarto álbum da dupla francesa de música eletrônica Justice, formada por Gaspard Augé e Xavier DeRosnay. O disco anterior dos dois, Woman, saiu em 2016.
  • O disco tem participação do Tame Impala, do cantor norte-americano de r&b Miguel, do produtor Connan Mockasin e do músico Thundercat, entre outros.
  • DeRosnay explica que o ritmo de produção da dupla, com poucos discos, é assim mesmo. “Quantos milhares de discos são lançados todos os dias? Nós nos sentiríamos mal fazendo coisas só por fazer. Não queremos fazer parte da supersaturação de conteúdo”, contou ao The Guardian.

Ao longo de 21 anos de carreira, a coisa que o Justice menos fez foi gravar. Entre turnês, um documentário e alguns projetos, são apenas quatro discos de estúdio. E o novo, Hyperdrama, sai quase uma década depois do anterior.

Já era aguardado que a dupla francesa desse prosseguimento à sua história e à sua musicalidade, repleta de ganchos disco-funk e linhas de baixo incríveis, tudo inserido em temas que parecem perfeitos para curtir a bordo de um automóvel. Assim como acontece com o Daft Punk, nunca foi só música eletrônica. A especialidade do Justice é a criação de climas, de imaginários, de um universo em que dois caras com visual rockstar e caras de poucos amigos constroem mais do que uma música para você dançar. Eles constroem uma música na qual você gostaria de morar.

Esse misto de ourivesaria pop e arquitetura musical aparece mais ou menos em forma em Hyperdrama, um álbum bacana, mas para o qual falta aquela faixa com cara de hit que havia em discos anteriores da dupla. Com três discos repletos de faixas que pegam o ouvinte de cara, o Justice parece querer agarrar a atenção do fã sem partir pro diferente.

Como num movimento de volta aos clubes, e de retorno aos sons da noite, Hyperdrama é bom de pista. Mas dá mais vontade de ouvir o som pesado e potente de Woman (2016) ou as ousadias de Cross (2007) e Audio video disco (2011) do que repetir várias vezes o novo álbum. De legal no novo álbum tem Generator, Neverender, One night/All night (as duas com o Tame Impala). De excelente, tem a vinheta sonhadora Moonlight rendez vous, a rajada sintetizada Muscle memory (lembrando o lado mais progressista e experimental de Audio video disco).

No final, o disco-rock Saturnine, e a participação do polivalente Thundercat em The end surgem com um certo ar de “é, poderia ter sido melhor”. Vale celebrar Hyperdrama como o retorno de uma dupla que há duas décadas serve como mensageira entre vários mundos. Mas poderia ter sido melhor, sim.

Nota: 6,5
Gravadora: Genesis/Ed Banger/Because

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