Crítica

Ouvimos: Horsegirl, “Phonetics on and on”

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O Horsegirl mudou bastante nesse terceiro disco, que tem produção de Cate Le Bon – dá para comparar com uma mudança no estilo de Trashland, o contemplativo segundo álbum das Mercenárias (1988). Os primeiros discos do trio eram mais pesados e ruidosos. Tem muito ruído em Phonetics on and on, mas esse elemento está a serviço de uma musicalidade que lembra o terceiro disco do Velvet Underground, álbuns de grupos como The Vaselines e até um certo ar de The Shaggs.

No caso dessa última banda, não que Nora Cheng, Penelope Lowenstein e Gigi Reece, as três do Horsegirl, toquem mal, mas fica sempre uma sensação, no disco quase inteiro, de que tudo pode explodir a qualquer momento – ainda que Phonetics não seja um álbum exatamente explosivo e tudo fique tranquilo a maior parte do tempo. É a musicalidade que surge em músicas como In twos (um shoegaze desprovido de paredes de guitarra), Rock city, o bubblegum estilo Ramones 2468 e o pós-punk de rodinha de violão Frontrunner.

Em Well I know you’re shy, o Horsegirl se transforma num primo mais alternativo dos Smiths, com baixo ganhando destaque na mixagem. Já I can’t stand to see you peca pelo exagero – um indie rock chicletudo com um excesso de “dadadadada” que dá uma certa enjoada. Julie, com sua letra compassiva, abre com voz, baixo e uma bateria que soa como percussão leve – e poderia ter sido um pouco reduzida em relação a seus quase cinco minutos. São duas faixas que não chegam a desandar a maionese de Phonetics on and on, e que mostram que o Horsegirl, ao reduzir suas canções a um mínimo denominador comum, correu riscos – embora tenha passado sem problemas por quase todos eles. Prepare-se para abrir espaço em suas playlists.

Nota: 8
Gravadora: Matador
Lançamento: 14 de fevereiro de 2025.

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