Cultura Pop

Ouvimos: Habibi, “Dreamachine”

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  • Dreamachine é o terceiro álbum do Habibi, uma banda do Broolyn (Nova York) influenciadíssima por som de garagem de Detroit, e simultaneamente, por sons do Oriente Médio. A estética dos girl groups dos anos 1960 entra também na receita.
  • A banda é formada por Rahill Jamalifard (voz, pandeiro), Lenaya “Lenny” Lynch (guitarra, voz), Lyla Vander (bateria), Ana Becker (guitarra, voz) e Yukary (baixo). A vocalista Rahill Jamalifard  tem origem iraniana e se diz influenciada por sons do “Irã, ciganos, nômades, a inspiração de poetas como Hafez (poeta persa nascido entre 1310 e 1337) … minhas viagens dentro do país”.
  • A dreamachine do nome do disco é uma traquitana psicodélica inventada por Brion Gysin, artista plástico, poeta e escritor, e por um colaborador do escritor William Burroughs, Ian Sommerville. Basicamente é um toca-discos de vinil, em cujo prato vai uma lâmpada e um cilindro todo cortado nas laterais. O aparelho costuma estar em exposições visuais de Burroughs e a ideia é que a pessoa confira o show de luzes de olhos fechados, se sinta cercada de luzes e experimente uma sensação de relaxamento (é o aparelho que aparece na capa do disco, e pelo que dizem, ele deve ser usado com parcimônia).

O Habibi era mais conhecido por sua sonoridade barulhenta e garageira. No terceiro disco, lançado quatro anos após Anywhere but here (2020), elas mudam a direção e trilham o álbum num corredor mais experimental e voltado para uma mescla de disco music, synth pop e punk.

Tem uma filiação bem psicodélica no álbum, claro, ou então o Habibi não teria escolhido o nome Dreamachine – isso é perceptível no caráter desorientador de algumas letras, e na presença de vários ruídos brincando de esconde-esconde nas faixas. E também em músicas rédea-solta como Interlude, cinco minutos de lisergia do Oriente Médio, com vocais falados, numa onda crescente que lembra Shocking Blue e Siouxsie and The Banshees, ao mesmo tempo. Ou a balada My moon, trap psicodélico com cama viajante de teclados e vocal de girl group.

Uma das caras de Dreamachine é dada pelas dançantes e lúgubres On the road, POV e In my dreams, basicamente um estranho encontro entre Pixies, Television e ABBA, se é que é possível. E é dada mais ainda pelo destaque dado às linhas de baixo, que vão levando todas as músicas adiante. Já o clima garageiro toma conta de Do you want me now, firme na junção de vocais cândidos e riff ruidoso de guitarra, e de Losing control, com ritmo sinuoso dado por guitarras, baixo e percussão. No final, punk-psicodelia oriental em Fairweather, e algo entre Pixies e Michael Jackson (sério!) na excelente Alone tonight.

Nota: 9
Gravadora: Kill Rock Stars

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