Crítica

Ouvimos: Guided By Voices, “Strut of kings”

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  • Strut of kings é o quadragésimo (!) álbum da banda indie norte-americana Guided By Voices, conhecida por lançar de dois a três discos por ano – de 2020 pra cá já foram onze álbuns, e no ano passado saíram três (um deles, Welshpool frillies, foi resenhado pela gente aqui). O grupo é liderado pelo cantor e compositor Robert Pollard, que compôs as músicas, canta e fez a arte da capa.
  • O grupo vem mantendo o selo Guided By Voices Inc,. que lança os discos da banda. Dessa vez, o disco é um lançamento dividido entre o selo próprio e a Rockathon Records.
  • Sarah Zade-Pollard, esposa de Robert, fez a direção de arte do álbum.

Se uma banda lança um número considerável de discos por ano, natural que ela repita fórmulas ou pareça cansada às vezes. No caso do Guided By Voices, a discografia do grupo se parece mais com aquelas séries de TV que duram anos. Ou com uma novela que volta e meia tem barrigas, situações que se assemelham mais a marmeladas clássicas e personagens que aparecem do nada. Você cansa de vez em quando, mas acaba querendo saber quais são os próximos passos. Ou, no caso do GBV, se os próximos discos serão bem diferentes. No geral, não são, mas a fórmula não se esgota – e depois que a banda passou a investir em dois, três, quatro discos por ano, parece que tudo ficou mais coeso.

Strut of kings investe com bastante sucesso numa fórmula já conhecida pelos fãs da banda: canções angustiadas que soam como um heartland rock em escalas diminutas. Pollard não é um chefão do rock como Bruce Springsteen (expoente do estilo), mas conta histórias existenciais e imprecisas sob uma base musical que deve tanto ao rock alternativo do começo dos anos 90 quanto à sonoridade de bandas como The Who, e à postura de “herói do rock” que dá motivação a várias carreiras.

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Os elementos de vigor que aparecem costumeiramente em canções do grupo surgem no álbum novo em faixas fortes como Fictional environment dream, Dear onion e Serene king. Já Show me the castle, a boa faixa de abertura, vem dividida em várias partes e soa como uma luta musicada entre reis e plebeus (“por que eu deveria comprar o que eu sempre posso roubar?/eu deveria mentir para você?”). This will go on, canção folk, tranquila e dolorida, resume o caos do dia a dia em poucas frases (o ápice são os versos “enquanto você puder respirar sujeira e solidão/isso vai continuar”).

Uma das maiores surpresas do disco é Olympus cock in Radiana, com acompanhamento de cordas e tom heroico lembrando Queen e The Who – e que vem seguida por Leaving umbrella, com letra e melodia na cola do Velvet Underground. No final, tem Bicycle garden, power pop que afasta um pouco do clima meio desolado do disco.

Nota: 9
Gravadora: Guided By Voices Inc/Rockaton Records

 

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