Crítica

Ouvimos: Grian Chatten, “Chaos for the fly”

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  • Chaos for the fly é o primeiro disco solo do vocalista da banda punk dublinense Fontaines DC, Grian Chatten. Foi gravado ao longo de duas semanas e teve como co-produtor o mesmo cara que cuida dos discos da banda. Dan Carey.
  • Além deles, Tom Coll tocou bateria e Georgie Jesson, namorada de Grain, fez vocais no disco.
  • Chatten diz que estava começando a passar pelos problemas que artistas passam na estrada: festas demais e sentimentos claustrofóbicos, além de crises de ansiedade. Num final de tour, mandou-se para Los Angeles só porque a cidade linkava em sua mente a ideia de estar excursionando. O músico disse ao NME que por causa disso, fez consultas com um terapeuta especializado em trabalhar com artistas em turnê.

Lá vem Grian Chatten. Nem parecia que o vocalista de uma banda tão furiosa quanto o Fontaines DC surgiria repleto de musicalidade folk/country em seu primeiro disco solo. E ainda por cima musicalidade folk/country unida a discretos sons eletrônicos, algumas orquestrações e experimentações musicais inusitadas, como no caso de Last time every time forever, uma balada grandiloquente em ritmo de valsa. O clima tranquilo de Fairlies soa quase como o quiet-loud-quiet das bandas indies levada para o country, com um refrão que explode mais rápido que o restante da canção, em meio a violões e sombras de cordas.

Bob’s casino, dividida por Grian Chatten com Georgie Jesson, sua namorada, é balada country espacial e mutante – no sentido de soar como uma canção que, devidamente rearranjada, chega até os álbuns dos Mutantes, de verdade. O lado mais entristecido do country-rock sessentista, de artistas como Neil Young e Gene Clark, surge em canções como All of the people, embora o registro de Grian (bom avisar) seja bem diferente dessa turma – é grave e um tanto desértico às vezes.  Já East coast bed vai para o lado da psicodelia e do dreampop, com intervenções de teclados e programações numa balada ritmada, que se resolveria no esqueleto voz e violão. No lado mais nostálgico do disco, destaque para Salt throwers off a truck e para o folk alternativo de I am so far.

Fechando com o clima misterioso  e depressivo de Season for pain, que abre com um violão simples e vai se transformando em uma guitar song à moda do Dinosaur Jr em seguida, para voltar à calma depois, sempre embalada por versos como “se você não tem para onde ir/acostume-se com a chuva/esta não é a estação para amar/esta é a estação para a dor”.

Foto: reprodução da capa do disco

Gravadora: Partisan
Nota: 7

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