Crítica

Ouvimos: Greta Van Fleet, “Starcatcher”

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  • Starcatcher é o terceiro álbum da banda norte-americana Greta Van Fleet. E foi gravado no histórico Studio A da RCA, em Nashville. Sam Kiszka, baixista da banda, disse que a ideia era levar o grupo de volta “para os tempos de garagem”, quando tudo era mais cru.
  • O produtor do disco é Dave Cobb, que trabalhou na trilha de A star is born e produziu Jason Isbell, Rival Sons e outros artistas mais voltados ao rock de antigamente.
  • O Greta vai abrir shows pro Metallica numa turnê que inicia em setembro. A banda bateu um papo com a Billboard e está animada não apenas para os shows como para fazer a continuação do novo disco. “Estamos sempre passando para o próximo disco. Na verdade, estamos prestes a começar o próximo álbum, enquanto falamos”, contou o baterista Daniel Wagner, único não-irmão da banda.

Particularmente ficava bem irritado quando falavam mal do Greta Van Fleet usando o maior trunfo da banda, que era ser uma cópia (boa) de uma das maiores bandas de rock do mundo, o Led Zeppelin. Se os garotos querem brincar de Page & Plant e tem fãs dispostos, deixa as pessoas. Ficava mais engraçado na hora de lembrar que o Led sempre foi uma das maiores usinas de apropriação cultural do planeta, chupando blues antigos e músicas inteiras de colegas. Vale citar: os shows do Greta no Brasil revelaram uma banda afiada, canções bacanas, um bom clone de Robert Plant e David Coverdale nos vocais (Josh Kiszka) e um guitarrista de fôlego (Jake Kiszka). Uma boa promessa, que não clonava só o Led (tinha muitos toques de Deep Purple e Whitesnake ali), mas que se afogava justamente no fato de não levar em conta que até mesmo uma mistura sonora precisa de originalidade.

O Greta foi, por outro lado, se tornando menos interessante à medida que foi virando um clone bem menos óbvio do Led – tanto que o melhor lançamento da banda até hoje é From the fires, LPzinho de 8 faixas e 32 minutos, considerado um EP pela banda. Starcatcher, terceiro álbum da banda, parece mais imitação das bandas que já imitaram traços musicais do Led, e soa torto demais se comparado aos discos do Whitesnake, beneficiado histórico das inovações de Jimmy Page e cia.

Talvez seja uma questão de produção. Starcatcher começa com duas baladas misteriosas, Fate of the faithful e Waited all your life, que não servem para abrir um disco: poderiam ser pontes musicais no lado B, ou faixas de encerramento. Esquenta de verdade na terceira faixa, um hard rock cuja composição teria mais surpresas musicais se tivesse saído dos ensaios dos Black Crowes (The falling sky). Sacred the thread recria a batida de When the levee breaks, do Led Zeppelin, num clima viajante e meio grunge-psicodélico que pode indicar uma cara nova para a banda – aliás é curioso como o disco vai se posicionando musicalmente do meio para o final, com a ágil Runway blues e o blues-rock Frozen light.

Usar outras bandas como comparação ou escrever “essa banda é para quem gosta de…” são recursos usados na hora de resenhar um disco. Normal. O Greta Van Fleet corre o risco de não ser uma banda que você pararia para ouvir, mesmo gostando bastante dos grupos que são a fonte do som deles, já que a salada de referências precisa de vários retoques.

Gravadora: Lava/Republica
Nota: 5

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