Crítica

Ouvimos: Feralkat, “Corpo no mundo // Corpo que habito”

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  • Corpo no mundo // Corpo que habito é o primeiro álbum do projeto curitibano Feralkat, criado pela cantora, compositora, produtora musical, multi-instrumentista e artista visual Natasha Durski.
  • “É um álbum-conceito cujas músicas comecei a idealizar em meados de 2020. A ideia foi unir micro e macro: a experiência do indivíduo no entendimento de si mesmo e a experiência coletiva da existência em sociedade. Um corpo no mundo que co-habita a profundidade do universo de fora e o universo dentro de si”, diz Natasha, que usou arquétipos do tarô para criar relações entre as faixas. “Na capa do trabalho evoco a carta O Mundo – novos começos, integração com o universo e a consciência da impermanência”.
  • Lynchiana, uma das faixas, inspira-se no cinema de David Lynch e nas músicas do compositor de várias trilhas de filmes dele, Angelo Badalamenti. “Minha ideia era que as diversas camadas da música conversassem sinestesicamente com o ouvinte, como uma trilha sonora”, diz.

Corpo no mundo // Corpo que habito é uma experiência: o som é denso, meio espacial e meio ambiental, feito para quem prefere ouvir música como se morasse nela – dai o “corpo que habito” ganha outros ares quando se escuta o disco de estreia do Feralkat de fones de ouvido. O som é pós punk, mas vai mais alguns anos além do punk, localizando-se entre o dreampop e a synthwave, no que o estilo tem de mais apocalíptico. É eletrônico, mas está mais para a trilha de uma festa em que sentidos e percepções são testadas, digamos assim.

Na receita do disco entram até Gal Costa e Clara Nunes – mais como uma referência pessoal de Natasha Durski, criadora do projeto, na letra e nos vocais de Existo, um synthpop (como diz o nome) existencial. Lynchiana abre com um riff simples e uma batida lenta e dançante, unindo ecos de Killing Joke e Massive Attack. Tonight, uma das primeiras faixas do projeto, parte de uma combinação entre synths e batidas que pode e deve agradar fãs da fase Black celebration do Depeche Mode, e de Nine Inch Nails. Vanish like the sunset agrega peso, eletrônica e psicodelia. Já Colapso tropicaos, single/clipe do disco, encerra o álbum inserindo na receita de modo mais assertivo a turbulência do desgoverno e da pandemia.

Nota: 8
Gravadora: Independente

Foto: Maju Tohme/Divulgação

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