Crítica
Ouvimos: Fantástico Caramelo, “Nas colinas astrais”
- Nas colinas astrais é o segundo disco de estúdio da banda Fantástico Caramelo, radicada em Rio do Sul (SC), e formada por Nayara Lamego (voz), Henrique Marquez (guitarra), Gabriel Alves (guitarra e sintetizador), Diego Pereira (baixo) e Marcelo Sutil (bateria).
- O grupo conta que a ideia da capa do disco é propor uma viagem visual aos anos 1980, e que as figuras unidas da capa do disco representam o processo criativo do grupo. “Representam a fusão do passado nostálgico e do presente audacioso, refletindo a própria alma das composições”.
O Fantástico Caramelo consegue unir duas épocas da música que parecem muito distintas: um pouco de synth pop e mais um pouco de rock sessentista, levemente psicodélico. As músicas de Nas colinas astrais soam mais como uma visita à casa (ou à sala de ensaios) do grupo do que como um conjunto de músicas formais, com melodia, letra e arranjo. O lado lisérgico do disco é reforçado pelas letras, que falam de esoterismo, sonhos, loucuras do dia a dia e até sobre leitura de tarô (o indie pop Salada de flores).
A banda foge o máximo possível da atual mania com sonoridades próximas do dream pop que assola o rock indie nacional, substituindo o guitar rock normal por ecos de grupos como Mutantes, Pixies e até New Order – este, na oitentista e psicodélica Formigas australianas. Músicas como o pós-punk viajante Melhor assim e o bubblegum sintetizado Spaceship (com participação de Brvnks) estão mais para a variadíssima cena australiana de rock psicodélico, de bandas como Pond e King Gizzard & The Lizzard Wizard. Já Goteiras de amor põe o lado mais exuberante do pop sintetizado (Queen e até Depeche Mode no começo) na música do grupo. Como herança dos anos 1960, ainda tem a surf music esotérica de Quase virei astróloga.
Nota: 7,5
Gravadora: Independente.