Crítica

Ouvimos: Fabiana Palladino, “Fabiana Palladino”

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  • Fabiana Palladino é o disco epônimo de estreia da cantora britânica de 36 anos, que é filha de Pino Palladino (baixista que tocou com meio mundo, de D’Angelo e Erykah Badu a Tears For Fears e The Who).
  • Antes de gravar o disco, Fabiana tocou piano e bateria e chegou a pensar em estudar jornalismo, optando depois por uma graduação em música. Também acompanhou e produziu artistas (como Sampha).
  • Preparando as músicas de sua estreia solo, ela teve problemas com alguns produtores “Eles diziam coisas como, ‘Sim, é legal, mas só precisa de algo extra.’ No começo eu meio que concordei, mas então eu entrei em todas essas situações estranhas nas quais eu fazia uma sessão com alguém e eles tentavam colocar sua própria marca nisso, e basicamente destruíam tudo que eu achava que era bom sobre a música em primeiro lugar. Isso realmente abalou minha confiança, a ponto de eu simplesmente parar de fazer música por um bom tempo”, contou aqui.

Sade é uma referência que costuma ser usada por bandas e artistas novos? Não muito, certo? Bom, o disco de estreia de Fabiana Palladino lembra não apenas Sade como também Des’Ree (do hit You gotta be, lembra?), e trabalha numa picada aberta entre o neo-soul/R&B dos anos 1990 e o art pop (aquele estilo musical que volta e meia tem sido chamado de sophisti-pop) dos anos 1980. A abertura com Closer tem vocais na onda do pop dos anos 1990 e cordas lembrando Lisa Stansfield – mas com discrição e sem a exuberância de faixas como All around the world. O mesmo clima aparece na sequência, em faixas como Can you look in the mirror?, e a balada I can’t dream anymore, que já apresenta guitarras e certo peso.

Até mesmo as programações eletrônicas e os teclados foram desenhados musicalmente para lembrar uma espécie de som de época – a onda atual de inserir referências de psicodelia e dream pop em tudo, por exemplo, nem surge aqui. Traduzindo: Fabiana fez um disco que você poderia botar para rolar entre amigos e dizer que se trata de um álbum lançado lá por 1996, 1997, e cujas referências musicais rolam entre os anos 1980 e 1990. Como no misto The Police-Prince de Give me a sign, na baladinha sintetizada I care (com vocais lembrando Janet Jackson, e participação do parceiro/produtor Jai Paul) e na balada disco-rock Stay with me through the night.

No final do disco, Shoulda traz um certo clima roqueiro e pop pro disco, com boas guitarras e sonoridade oitentista, lembrando um encontro de The Police e Michael Jackson. Deeper é r&b como se fazia nos anos 1990, apontando até para Spice Girls. In the fire soa como uma canção perdida dos irmãos Janet e Michael Jackson, com ritmo dado por steel drums. O baladão Forever é o lado Madonna do disco – mas é a Madonna da época de hits como Secret, mais introspectiva.

Nota: 8,5
Gravadora: Paul Institute/XL

 

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