Crítica
Ouvimos: Eutanásia, “Eutanásia”
Criado no Brasil, com letras em inglês e português, o Eutanásia basicamente faz pós-punk e som gótico “brutalista”, falando de climas macabros e investindo em sonoridades noturnas e (às vezes) industriais. Pedro Werner, o criador do projeto, promove crossovers de sua música com artes plásticas, fotografia, video, performance e moda, e faz do álbum de seu grupo um projeto tão musical quanto imagético, do tipo que com poucas palavras, ou com um pouco de atenção ao design musical, cria universos na cabeça do/da ouvinte.
Eutanásia, o disco, precisava de mais atenção a dois detalhes: gravação/execução de vocais, e em alguns casos, às letras (o universo pós-punk-gótico britânico e norte-americano muitas vezes soa um tanto “direto” demais quando visitado em português). São apenas notas de rodapé no que diz respeito a um álbum que prima por arranjos criativos, e por nunca se contentar com o feijão-com-arroz dos estilos sombrios. Te ter é quase uma house music pesada com solo de guitarra. Tanto faz ameaça uma balada soul gótica, com referências tanto de Enigma quanto de Roxy Music, com piano Rhodes, vocal sussurrado e andamento bacana de guitarra e baixo. Citadel é gothic rock bom de pista.
Outside traz voz na cola de Ian Curtis e uma melodia gótica cujos riffs de guitarra têm algo até de música cigana . Cilada tem voz quase falada, algum balanço e tom ameaçador – a curiosidade é a presença de um solo de guitarra numa onda meio blues-rock. Doce demais, com participação da dupla eletrônica paulista Two Internet Ghosts, traz algo próximo do punk. E uma surpresa são as duas versões de Many things, a primeira em clima de synth pop sinistro, com vocais lembrando Bryan Ferry, a segunda em clima acústico, com uma inusitada batida de samba e bossa nova no violão. Pode adotar essa banda correndo.
Nota: 8
Gravadora: Independente.
Lançamento: 6 de dezembro de 2024
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