Crítica

Ouvimos: Elisapie, “Inuktitui”

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  • Elisapie Isaac é uma cantora nascida em 1977 em Quebec, no Canadá, e que tem origem no povo indígena Inuit. Além de trabalhar com música, tornou-se atriz, jornalista e documentarista. Antes da carreira solo, participou de  uma banda chamada Taima.
  • Inuktitui é seu quarto álbum solo, com versões para canções do universo pop-rock no idioma de seu povo. O release do disco explica que “cada música está ligada a um ente querido ou a uma história íntima que moldou a pessoa que Elisapie é hoje”.

Pode deixar de lado aquela playlist de clássicos do pop e do rock em ritmo new bossa ou soft rock, que você tem coisa bem melhor pra ouvir (e juro que nisso aí não vai nenhuma ironia). Indígena canadense do povo Inuit, a a cantora e multiartista Elisapie Isaac decidiu fazer de seu quarto álbum uma homenagem não apenas ao universo do rock, como ao idioma inuctitute, falado por seu povo, e às sonoridades locais. Músicas como Dreams (Fleetwood Mac, aqui intitulada Sinnatuumait), The unforgiven (Metallica, traduzida para Isumagijunnaitaungituq) e Going to California (Led Zeppelin, com nome Californiamut) ganham versões surpreendentes.

Em quase todos os casos, não parecia nada fácil de imaginar que alguém conseguiria extrair tanta beleza dessas músicas: Elisapie tem um registro vocal tranquilo e relaxante, e os arranjos são levados adiante por várias percussões e instrumentos de cordas, além de teclados discretos. Formado por músicas que estão em sua memória pessoal, o repertório ainda inclui Time after time, de Cindy Lauper (Taimangalimaaq), Wish you were here, do Pink Floyd (Qaisimalaurittuq, gravada com o quarteto de metais novaiorquino The Westerlies).

Já a versão de I want to break free, do Queen (com nome Qimatsilunga) surpreende por trazer uma estrutura harmônica bem diferente do original e uma aparência bem mais roqueira que as outras covers do álbum. Heart of glass, do Blondie (Uummati attanarsimat) ganha uma cara folk típica. E Wild horses, dos Rolling Stones (Qimmijuat), vira quase um ambient, com percussão minimalista.

Nota: 8
Gravadora: Bonsound

Foto: Reprodução da capa do disco.

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