Crítica

Ouvimos: Elbow, “Audio vertigo”

Published

on

  • Audio vertigo é o décimo álbum de estúdio da banda britânica Elbow, formada por Guy Garvey (voz), Craig Potter (teclados), Mark Potter (guitarra), Pete Turner (baixo) e Alex Reeves (bateria).
  • Guy, que também é radialista da BBC, diz que a ideia do novo disco é “não refletir, mas distrair as pessoas das coisas ruins que acontecem no mundo”.
  • Em entrevista ao New Musical Express, Guy disse que a diferença entre o novo disco e o anterior, Flying dream 1 (2021) é que este “foi feito em confinamento e foi muito gentil, melancólico e baseado na vida, na infância, nas memórias e na paternidade – todas essas coisas muito saudáveis”, enquanto o novo “é baseado no groove. Ele aborda alguns assuntos bastante completos e é muito divertido também”.

Muita coisa que você escuta nos discos do Elbow resolve-se pela combinação de influências dos discos de Peter Gabriel (grande referência nos vocais do cantor Guy Garvey) com novas referências que vão sendo acrescentadas a cada álbum. Mesmo com uma influência-mor dessas, nem sempre é uma receita muito atraente. Vários discos do Elbow parecem mais com algo prestes a acontecer, mas que não decola de vez – entre as exceções, o quase-clássico Cast of thousands (2003) e o recente Flying dream 1 (2021).

Audio vertigo põe um tantinho a mais de batidas e quebradas (de bateria e percussão, mesmo) no som do grupo. Não é o disco “com groove” do qual a banda falou em entrevistas, mas Guy e seus amigos voltam mostrando que ouviram Khruangbin, Black Country New Road, Black Midi e outras bandas que unem ousadia art rock, surpresas na melodia e no arranjo, e toques percussivos. Inclusive, abriram o álbum com um estranho indie-rock-soul, Things i’ve telling myself for years, seguindo com as batidas quebradas de Lovers’ leap, e o batidão funkeado, preguiçoso e sintetizado de Balu (um dos singles, e a melhor faixa do álbum).

É impossível classificar uma banda cabeçoide como o Elbow como “dançante”, mas eles se esforçam: deixam até entrever uma batida de samba aqui e ali, como na própria Lovers’ leap e numa parte curtíssima de Very heaven, levada adiante pelo diálogo entre baixo e bateria, e por toques simplificados de guitarra. Já Her to the heart  e Knife heart respondem pelo lado mais eminentemente influenciado por Peter Gabriel e Genesis, enquanto toques de stoner, post rock e até math rock aparecem em faixas como a agitada The picture, Poker face e Good blood Mexico city. Encerrando, tem From the river, bela, dançante e misteriosa como o rio com o qual Guy conversa na letra.

Nota: 7,5
Gravadora: Polydor

Trending

Sair da versão mobile