Crítica

Ouvimos: Eel Men, “Stop it! Do something!”

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Se você nunca ouviu falar dos Eel Men, corra atrás, e adote essa banda londrina o mais rápido possível. Stop it! Do something!, primeiro álbum do grupo, é quase uma aula (histórica) de punk rock, dada a intimidade que eles têm com referências de bandas como Clash, Buzzcocks e a loucura sonora do The Damned. O despojamento desta últimas, por sinal, paira sobre canções ágeis e estilingadas como Honeymoon, Scantilly cladding (com baixo encravado no chão e a guitarra em torno dele, pontuada por um discreto sintetizador) e a tribal Stir the Béchamel, que mais parece uma combinação de tudo de mais legal que surgiu no rock em 1977.

O Eel Men consegue soar retrô sem necessariamente ser passadista ou conservador. É uma banda que filtra o rock dos anos 1960 pelo punk e pelo pós-punk em Archetype, e que trata o rock do Clash como o Brasil deveria tratar o samba criado por Jorge Ben, em faixas como Exeter exit (com guitarras dando tensão de timbres e toques, num tom quase no-wave), Pink ones e Sore eyes, que abre com uma vibe parecida com a de Clampdown, hit do Clash. Council pop, por sua vez, é um punk puladinho que remete à The Jam.

O disco dá uma derrapada leve em Sixteen numbers, aberta com um segmento instrumental em que um riff intermitente de guitarra permanece apitando, e o ritmo lembra um pré-hardcore – depois, ela se transforma num som vibrante, mas fica a impressão de algo colado ao acaso. Só que, de modo geral, os Eel Men parecem jovens que acabaram de achar no sebo uma cópia do LP A revista Pop apresenta o punk rock e, ao ouvirem o disco, descobriram o que querem fazer da vida. E para abrir os trabalhos, soltam um álbum com destino ao último volume.

Nota: 8,5
Gravadora: Independente.
Lançamento: 7 de março de 2025.

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