Crítica

Ouvimos: Diablo Angel, “O que te dá prazer”

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  • Com dez anos de carreira, a banda pernambucana Diablo Angel tem na formação Kira Aderne (voz e guitarra), Nívea Maria (voz e teclados), Tárcio Luna (guitarra) e Vitor Lima (bateria). O que te dá prazer é o terceiro álbum do grupo. O disco começou a ser pensado em 2019 e só veio ao mundo agora.
  • O tema do disco é o prazer sexual feminino. “A gente ainda vive em uma sociedade onde o prazer sexual feminino ainda é colocado em segundo plano e esse disco vem pra também desconstruir isso”, explica Kira Aderne.
  • No fim do disco, aparece a voz do avô de Kira, Zé Leite, “natural de São José do Egito, sertão pernambucano, no alto dos seus 92 anos. Ele declama na faixa o cordel de Leandro Gomes de Barros, considerado o primeiro cordelista brasileiro. E São José do Egito é uma terra conhecida por cordelistas e poesia” (contou ela ao site O Inimigo).

O álbum novo do Diablo Angel une essência indie pop, tons psicodélicos, ruídos estrategicamente inseridos nas faixas e produção/gravação bem cuidada. Possivelmente em nenhuma época do rock brasileiro até o momento, o Diablo Angel teria vendido milhões de cópias e virado a banda do momento – e isso diz mais a respeito do rock brasileiro e das (tristes) motivações das grandes gravadoras do que da banda. Mas o quarteto tem vocação para criar um mundo à parte no rock brasileiro, o que já é bastante.

Cabem em O que te dá prazer climas meio soturnos em alguns momentos, alguns sons mais eletrônicos (o disco tem muitos sintetizadores), sujeira nas gravações de vocais, um pouco de peso, e atração pelo guitar rock anos 1980/1990. É o som que aparece em músicas como Placere, The sun is shining on me, Mais um dia de sol (um quase synth-pop) e Dois. Ou na mescla de peso e psicodelia de Quero que o mundo se importe – que tem o melhor riff de guitarra do disco, por sinal.

O repertório do novo disco da banda surge num encontro entre o barulho dos anos 1990 e formações dos anos 1980 como Jesus & Mary Chain e The Sundays. No final, lisergia solar e ruidosa numa canção sem bateria, Aurora. Um encontro entre punk e metal com letra sobre vivências pessoais ligadas ao dia a dia em Caruaru, A espera. E um tema de violão que se encerra com alguns segundos de ruído, A vida chega mais tarde.

Gravadora: Selo Estelita
Nota: 8

Foto: Kamila Ataíde/Divulgação

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