Crítica

Ouvimos: Dadá Joãozinho, “1997” (EP)

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Tds bem global, disco de estreia de Dadá Joãozinho (2023), músico de Niterói (RJ) que se radicou em São Paulo, é inclassificável. Mas encontra abrigo justamente em seu experimentalismo, que une rap, jazz, música eletrônica, beatmaking, funk e MPB filtrada por evocações, intencionais ou não, a nomes como Di Melo.

A estreia unia também psicodelia, sambas em desconstrução e música “fluida”, que se desfaz e derrete como num quadro surrealista. Nas letras, o existencialismo pessoal de quem se muda para uma metrópole assustadora e precisa ganhar dinheiro para conseguir não ser engolido e cuspido rapidamente pela cidade grande, e as emoções de quem vive paixões arrebatadoras em meio ao caos.

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1997, EP novo de Dadá Joãozinho (o título é o ano de seu nascimento), oferece uma continuação mais orgânica e mais definível do que no álbum de estreia, trazendo várias sonoridades que, de uma forma ou de outra, giram em torno do samba. Olha pra mim, soft rock gravado com o grupo Raça, sugere uma busca do formato canção, mas com linguagem própria, com experimentalismo dosado. 100 anos, que elege o amor como “uma prática”, é um samba-rock “voador” que tem parentesco com o Azymuth. Subindo em árvore (De qualquer forma é grande) é outro samba-rock, mas que descamba para um clima folk e sonhador, cabendo efeitos de som.

As maiores curiosidades do EP ficam para o final: As coisas, parceria com a cantora carioca Jadidi, tem ar de ciranda, ou de marcha, com tom eletrônico e voz soft – a letra evoca uma tarde calma, e lembra um pouco a poesia de Antônio Cícero. Landa, divulgada como single antes do EP sair, é uma espécie de dream-MPB, com psicodelia e experimentação, mas que lá pelas tantas lembra nomes como Geraldo Vandré e Sérgio Ricardo. A letra, em clima de oração, espera por dias melhores e recorda entes queridos: “ô minha vó / queria abraçar minha prima/queria que não tivesse briga/briga de família”.

Nota: 9
Gravadora: Innovative Leisure
Lançamento: 18 de fevereiro de 2025.

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