Crítica

Ouvimos: Cults, “To the ghosts”

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  • To the ghosts é o sexto disco da dupla Cults, formada por dois californianos, a cantora Madeline Follin e o guitarrista Brian Obilvion (cujo nome verdadeiro é Ryan Mattos). O Cults se radicou em Nova York e em 2011 foi contratado pelo selo In The Name Of, dirigido pela cantora Lily Allen.
  • Nesse mesmo ano, Brian e Madeline dividiram com o supergrupo indie Superhuman Happiness uma releitura de Um canto de afoxé para o bloco do ilê (Caetano Veloso e Moreno Veloso), que saiu no álbum Red hot + rio 2.
  • Atualmente, o Cults é contratado do selo Imperial – uma gravadora bem veterana, que já teve Johnny Rivers e Fats Domino no catálogo, e foi revivida em 2021 pela Republic/Universal.

Brian Oblivion e Madeline Follin (os dois do Cults) trabalham numa espécie de indie-pop sinistro, sombrio, voltado tanto para toques dream pop quanto para heranças dos anos 1960. Crybaby, a faixa de abertura desse To the ghosts, é um r&b, mas também é um som que tem lá suas referências de girl groups sessentistas – com direito a vocais trabalhados e ambientação sonora que lembra uma espécie de sombra de orquestra. É como se teclados e efeitos ocupassem os lugares que um dia foram de metais e cordas, hoje transformados em fantasmas musicais (o nome do disco faz sentido, então).

Essa escolha por um pop que parece preencher espaços antigos com novos designs sonoros reaparece em músicas como Left my keys, Honey e Leave home, ambas numa estileira musical que pode até ser definida pelo rótulo casa-da-sogra dream pop, já que é enorme a preocupação do Cults por um som celestial. Isso acontece em teclados, vocais e até na gravação de bateria, em alguns casos. Open water abre com metais e se revela uma balada no estilo do ABBA, só que com linha de baixo à frente, e sonoridade minimalista e espacial. Onions e Crystal são indie-r&b, ambas soando como uma espécie de synth-pop orgânico.

Entre as outras surpresas do disco, estão a balada sombria Eat it cold, com letra falando abertamente sobre constrangimentos e traumas nas relações familiares (“todas as mães nos mantendo satisfeitos/conhecíamos a tradição familiar/coma frio”). Behave responde pelo lado mais eletrônico e experimental do disco. E tem um lado herdado dos anos 1950, só que exibido por uma tela distorcida e cheia de glitch, nas duas faixas que encerram o álbum, You’re in love with yourself e Hung the moon.

Nota: 8
Gravadora: Imperial.

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