Crítica
Ouvimos: ChromaKitsch, “NaoSomosRobos”
- Chromakitsch é um projeto criado pelo músico George Belasco, conhecido por seu trabalho com o grupo O Cão Andaluz. Ele compôs, produziu e masterizou todo o material de NaoSomosRobos, que é mais voltado para as experimentações eletrônicas.
- Nas letras e nos vocais, George teve participações dos amigos Lenildo Gomes e Talles Azigon. Lenildo, lembra o release, é “conhecido pela poesia concreta e ruídos caóticos com o grupo dronedeus”. Completa a turma a artista plástica Lara Monteiro, responsável pelas artes visuais.
- O disco foi lançado nas plataformas digitais em 25 de julho de 2024 – não por acaso, o dia do escritor.
O disco de estreia do Chromakitsch foi lançado em três partes, mas num só pacote. Como as músicas foram feitas para serem escutadas de uma só vez, da mesma forma que num show do grupo, o material aparece inicialmente numa faixa só, de pouco mais de vinte minutos. Depois tudo surge separado em oito faixas, e no final, tudo aparece em versão instrumental.
A melhor maneira de conhecer as músicas fica por conta do ouvinte. Optando por escutar tudo de uma só vez, ele vai encontrar um material voltando para um pós-punk experimental e eletrônico, com influências que vão do jungle ao trip hop, sem separação entre letras e músicas, como num só poema anti-padronização e anti-capitalismo. O material é lido e declamado, não é cantado, o que aumenta o tom de “experiência” da audição.
NaoSomosRobos prega a democracia do amor e do protesto em meio ao dia a dia operário, em Bruta flor (O amor custa caro), dance music pesada levada adiante por linhas de baixo vigorosas, cuja letra fala sobre um funcionário de fábrica que se apaixona (“o amor não é para operários/custa caro/e seu plano de saúde empresarial não cobre feridas tão profundas”). Também fala sobre sonho e realidade (Sonâmbulos, lembrando o começo do Daft Punk), do dia a dia do trabalhador visto como máquina (Não somos robôs) e outros temas incômodos. Desarranjo tem cordas que acentuam o clima eletrônico e maníaco da faixa.
A maior vaidade traz um lado mais viajante para o disco, com climas e ambientes musicais dados pelos sintetizadores, em meio à leitura da letra – encerrando com uma batida dançante e um tom de valsa torta. Karmafel (After party feelin) é rock eletrônico lembrando Nine Inch Nails. Todo corpo cai une trip hop e riffs simples de cordas. Som, poesia e realidade em meio a beats eletrônicos.
Nota: 7,5
Gravadora: Mercúrio Música