Crítica

Ouvimos: bôa, “Whiplash”

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  • Whiplash é o terceiro álbum do trio britânico de rock alternativo bôa, formado por Jasmine Rodgers (vocal/guitarra), Alex Caird (baixo) e Lee Sullivan (bateria). É o primeiro álbum lançado pela banda em mais de duas décadas, e foi produzido por Chris Zane (Jack Antonoff, Passion Pit, St. Lucia).
  • Há pouco tempo, uma faixa de 1998 da band, Duvet, ficou famosa no Tik Tok e, por causa disso, já acumulou mais de 688 milhões de streams no Spotify.
  • “Algumas das letras vêm de um lugar onde sou uma mulher mestiça em um mundo no qual não me sinto particularmente confortável. Ainda estou sempre revisando e avaliando isso. Trata-se de um momento muito escuro na minha mente, conversando com a escuridão antes de dormir, quando você não consegue dormir e está tentando encontrar conforto”, conta Jasmine, que é filha da lenda do rock Paul Rodgers (Free, Bad Company).

O bôa é uma banda, digamos assim, bissexta. Bem bissexta, já que cada um dos álbuns do grupo saiu numa década. O melodioso Whiplash sai 20 anos depois do segundo álbum, Get there (2005). E o som do trio tem um design que soa como se tivesse sido feito para agradar e estourar nas rádios na segunda metade dos 1990, inclusive a partir da foto da capa – que tem toda aquela carga introspectiva dos discos pop-rock lançados lá por 1997, todo mundo sério, ninguém encarando a câmera.

O curioso é que justamente por mexer com uma sonoridade que nem viu tanto assim o tempo passar (sempre vão aparecer bandas com melodias delicadas, cantoras com voz-de-anjo-ou-quase-isso e um pé no folk alternativo, outro no som de rádio), o bôa passa longe de soar retrô ou ultrapassado. O material da banda segue numa onda que mistura sons herdados do rock britânico dos anos 1980, e o tom confessional da fase Warner do R.E.M., unindo violões e guitarras quase sempre, em faixas tranquilas como Let me go, Frozen, Beautiful & broken (bittersweet purinho, em versos como “gostaria de ser mais forte, de ser melhor/mas há algo de belo no que está ferido”, diz a letra) e Crawling, ou na essencialmente noventista Walk with me.

O bôa escapa por pouco de soar parecido demais com o Cranberries em músicas como Vienna e Frozen – os vocais tranquilos e bem colocados de Jasmine Rodgers às vezes causam uns deja-vus de Dolores O’Riordan, a saudosa cantora do grupo irlandês. Por outro lado, ela insere detalhes de blues em Worry (o rock mais clássico e pesado do álbum), uma energia mais próxima do pós-punk na faixa-título e em Seafarer, e um tom sombrio e quase grunge em Strange few. Boa volta.

Nota: 8
Gravadora: Nettwerk Music Group

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