Crítica

Ouvimos: Bleachers, “A stranger desired”

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  • A stranger desired é a regravação em tons mais acústicos de Strange desire (2014), o primeiro álbum dos Bleachers, banda criada pelo produtor e músico Jack Antonoff.
  • A ideia do novo disco é comemorar os dez anos do original. “Neste aniversário que parece tão sagrado, percebi algo: não era apenas um desejo estranho de escrever essas músicas, havia algo desconhecido para mim acontecendo. Eu estava procurando por vocês: meu povo. Eu não tinha sido honesto o suficiente na minha vida e, como resultado, deixei pessoas erradas entrarem. O único caminho era contar a história comicamente sem filtros”, afirmou.

Querer que um artista resolva pensar se um trabalho seu é necessário ou válido, é pedir demais – até porque discos, livros, filmes e etc podem servir não apenas para o público dele, como para ele próprio. Podem fechar um ciclo, abrir outro, resolver coisas que no entendimento do/da artista estavam mal resolvidas etc. É por aí que a coisa anda.

A stranger desired é “apenas” a versão reimaginada do primeiro disco dos Bleachers, Strange desire – que Jack Antonoff, criador da banda, lançou para comemorar o décimo aniversário do álbum. No angu tem mais caroço do que teria numa simples comemoração: Jack solta o disco avisando que quando fez o primeiro álbum “não foi honesto o suficiente e deixou pessoas erradas entrarem”.

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O “errado” de Strange desire pode ser qualquer um dos músicos que tocava com Jack na época, ou quem sabe o produtor e top seller John Hill, parceiro dele em todas as faixas e co-produtor do disco – e cujo nome não apareceu mais nas fichas técnicas dos Bleachers. Ou quem sabe a gravadora da época, a RCA, e seus executivos. Com ou sem torta de climão, A strange desired é um disco bem menos atraente do que a estreia do grupo, levando a infusão de rock clássico, emo e cabaré rocker na onda de Queen e Elton John da estreia para um clima mais acústico, minimalista e quase ASMR em alguns momentos.

Talvez Jack queira se diferenciar por completo do som do fun., banda à qual ele pertencia naquela época (lembra de We are young?), ou dar um design sonoro mais aconchegante a canções bastante amigáveis como Shadow (“se você está se sentindo pequeno/eu amarei a sua sombra”) ou I wanna get better (“estou no viaduto sozinho gritando para os carros: ‘ei, eu quero melhorar’/não sabia que estava sozinho até ver o seu rosto”). Ou quem sabe ele esteja querendo mesmo é regravar seu repertório num selo menor, longe das aporrinhações das multis. Mas duvido que ao terminar esse A stranger desired você não prefira ir logo no original, que era um grande disco.

Nota: 6,5
Gravadora: Dirty Hit

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