Crítica
Ouvimos: Black Pumas, “Chronicles of a diamond”
- O Black Pumas vem do Texas e é uma dupla formada pelo cantor e compositor Eric Burton e pelo guitarrista e produtor Adrian Quesada. A dupla já tem dois álbuns lançados – esse Chronicles of a diamond é o segundo.
- A dupla afirmou ao New Musical Express que vê seu segundo disco como um “segunda estreia”. Também afirmaram que houve pressão na hora de fazer o disco. “Como é o temido álbum do segundo ano, era muito pesado, não vou mentir. Também foi um processo divertido e muito catártico. Tivemos muita sorte porque, quando o Black Pumas começou, Adrian já havia feito muitas músicas antes”, conta Burton.
- “Neste álbum, eu me tornei um tipo diferente de artista. Minhas ideias e pensamentos sobre a produção, a música por trás das músicas e as mensagens dentro da música fecham a coagulação de todos esses aspectos do processo, conta Burton.
Considerados revivalistas do soul por muita gente, os Black Pumas estão mais para revivalistas da união entre rock, psicodelia, soul, programações eletrônicas e um certo ar bittersweet, herdado do folk dos anos 1970 e de canções de Neil Young e Joni Mitchell.
Muitas vezes fazem essa mistura com uma sonoridade que leva tons rock e country a canções que poderiam estar nos repertórios de Marvin Gaye e Sam Cooke, como em Ice cream (Pay phone), segunda faixa desse Chronicles of a diamond e Mrs. Postman. Na abertura do álbum, por sua vez, More than a love song returbina uma sonoridade que lembra simultaneamente Rolling Stones, George Michael e Tracy Chapman.
Música como a curiosa valsa-blues Rock and roll, o blues Tomorrow e a faixa-titulo do disco têm uma estranha (e excelente) característica: soam como gravações antigas de rock e soul cujo esqueleto foi encontrado em algum arquivo, e que foram devidamente retrabalhadas em estúdio com tecnologia nova e novos músicos. Não parece um som com “cara de 2023”, ou feito para competir num mercado de sons modernosos – parece mesmo um som feito por gente com apego à música envelhecida, mas feita com novas tecnologias e novos ideais.
Chronicles, vale citar, faz lembrar um pouco o neo soul dos anos 2000, especialmente em faixas como Gemini sun. Mas, felizmente, tudo surge desprovido da marra hipster que marcou o som do começo do século 21. Tem muito peso, além de guitarras e teclados com sonoridade autêntica.
Nota: 8,5
Gravadora: ATO
Foto: Reprodução da capa do álbum.