Crítica
Ouvimos: Banda de Pífanos Caju Pinga Fogo, “Detrás da serra”
O quarteto piauiense Caju Pinga Fogo já soma quase uma década de estrada, tratando a música como algo que vai além de produto ou áudio compartilhado. Sua proposta é revisitar a tradição das bandas de pífanos com uma abordagem pop e criativa — evocando uma sonoridade que já inspirou o tropicalismo, como na regravação de Pipoca moderna (da Banda de Pífanos de Caruaru) por Gilberto Gil, ou na introdução de Trem fantasma, dos Mutantes.
Detrás da serra, segundo disco do grupo, nasceu de uma imersão de uma semana em Petrolina (PE), onde a banda viveu e gravou no estúdio Casinha Lab, comandado pelo engenheiro de som Iago Guimarães. Com um repertório inteiramente autoral, o álbum propõe uma atualização da linguagem das bandas de pífanos, apostando em experimentações: o clima de som direto de Ternim dobrado, o samba nordestino de Samba João do Boi, o samba-maxixe de Pisando barro e a valsa-frevo da faixa-título.
A vivência em Petrolina incluiu apresentações em mercados populares e banhos no inspirador Rio São Francisco. Canções como Cororicô — um frevo pop com vozes infantis e versos como “quem dera que nossa criança aprendesse a não crescer” — capturam esse espírito. O forró-frevo de Currupião e São Parnaíba (quase uma trilha sonora para uma viagem de rio) e o pulsante Baião nas alturas também mergulham nessa paisagem sonora. Já Forró de quem se quer é romântica e inclusiva: embala o salão onde dançam “mulher com homem, homem com homem, mulher com mulher”.
Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 18 de abril de 2025
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