Crítica
Ouvimos: Applegate, “Mesmo lugar”
- Mesmo lugar é o segundo álbum da banda paulistana Applegate. Um álbum que, segundo eles, é “um trabalho que aborda temáticas da vida contemporânea em uma antologia de oito capítulos, na qual estéticas sonoras distintas convergem em um único universo”.
- O grupo é formado por Gil Mosolino (vocal, guitarra e sintetizador), Rafael Penna (baixo e sintetizador), Vinícius Gouveia (guitarra) e Luca Acquaviva (bateria e percussão). A banda produziu o álbum ao lado de Gabriel Assad.
- Fazendo um pix a partir de R$ 10 para o Applegate, você recebe os arquivos originais do disco em WAV e MP3, além da capa em alta resolução (saiba mais aqui).
Movimentos regulares, primeiro álbum da banda paulistana Applegate (2019), era sombrio e psicodélico, e focado musicalmente. Mas de todo modo, tinha aquela cara típica de disco de estreia – gravação minimalista, recursos moderados, um bom início que pedia um trabalho mais poderoso na produção e na mixagem. Mesmo lugar, o segundo disco, soa quase como um portal aberto para outros universos e histórias, entre o pós-punk soturno, a psicodelia e muita coisa de estilos como stoner e post rock.
Daria para usar até o desgastado termo “progressivo” para definir o disco. É por aí, mas não é bem isso – o Applegate investe mais em ambientes sonoros do que em demonstrações de virtuosismo musical. Acalmei, um dos singles, tem um ar shoegaze. Technicolor une pós-punk e psicodelia brasileira via Mutantes. Por outro lado, a instrumental Applegate (a banda gravou uma faixa com seu próprio nome), aí sim, soa entre Radiohead e bandas como King Crimson e Focus – esta última, graças ao tom fusion dos solos de guitarra.
Músicas como Entre ondas, Posso te ligar? e Killer dance apontam para uma lisergia ruidosa, que lembra às vezes a fase mais psicodélica do The Cure, só que em altíssimo volume, e com grande número de interferências sonoras. Nena, no final, surpreende por unir as mesmas batidas quebradas do The Smile – banda nova de Thom Yorke e Jonny Greenwood, do Radiohead – com a musicalidade do Clube da Esquina, e da MPB setentista.
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
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