Crítica

Ouvimos: Antiprisma, “Coisas de verdade”

Published

on

  • Coisas de verdade é o terceiro álbum da banda Antiprisma, e o disco que marca o retorno do projeto liderado por Elisa Moos e Victor José, que estava sem novos álbuns desde 2019. Além da dupla, Ana Zumpano e Beeau Gomez tocam bateria e baixo, respectivamente.
  • O álbum foi “feito à mão”, como diz o texto de lançamento. “As músicas são exatamente como deveriam ser. Não há concessões estéticas de qualquer tipo. E mesmo assim elas soam abertas, de certa forma convidativas, para qualquer pessoa que curta canções. É algo difícil de se conseguir, e isso nos alegra muito enquanto artistas independentes”, diz Elisa.
  • O álbum tem participações de Bemti, Fábio Tagliaferri (Grupo Rumo, Black Tie), Mário Manga (Premeditando o Breque, Black Tie), Zé Antonio Algodoal (Pin Ups), Zé Mazzei (Forgotten Boys) e Fábio Cardelli.
  • Coisas de verdade ganha lançamento em vinil no primeiro trimestre de 2025, em uma parceria do selo Orangeira Records com a gravadora Midsummer Madness.

O Antiprisma fez um disco chamado Coisas de verdade que já entrega sua proposta logo no nome: um álbum orgânico na era da inteligência artificial. É o que aparece, principalmente, na combinação das vozes de Elisa Moos e Victor José, que soam como uma conversa íntima logo na primeira faixa, Que seja. Soa quase como escutar um casal narrando questões do dia a dia, mas em forma de música.

Musicalmente, o Antiprisma passeia por um território que mistura post-rock, sons acústicos e pitadas experimentais – sem perder um pé na tradição, já que guitarras com um quê de blues surgem em alguns momentos, de um jeito natural. Em Saturnino, o clima lembra um pouco os Secos & Molhados, enquanto São duas horas e está tudo bem traz um espírito de power pop, só que em câmera lenta – imagine um R.E.M. que parou pra ouvir Renato Teixeira. Já Euforia equilibra guitarras tranquilas e vocais fortes, criando um contraste bonito e cheio de energia.

Vilma miragem, por sua vez, é uma canção sonhadora e poética, lembrando tanto música de filme de faroeste como o Velvet Underground (a bateria parece estar sendo tocada com o baterista em pé, como acontecia com Moe Tucker) e encerrando com guitarras em tom quase orquestral. Com oito minutos, Um rosto desconhecido na esquina traz um som noturno e contemplativo, que não é progressivo, mas vai crescendo aos poucos no ouvido.

Encerrando, Tente não esquecer, com participação de Bemti, prega que “ninguém há de suportar um dia inteiro de não”, numa faixas de teor bem popular apontando simultaneamente para Sergio Sampaio e Titãs. Coisas de verdade é uma verdade musical.

Nota: 8,5
Gravadora: Orangeira Music.
Lançamento: 8 de novembro de 2024.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Trending

Sair da versão mobile