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Aquela vez que Richie Havens interpretou Otelo, de Shakespeare, no cinema

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Otelo, a peça de Shakespeare que tratava de temas como racismo, ciúmes, arrepedimento e vingança, teve lá seus encontros com a cultura pop. E com o rock.

Um dos mais visíveis foi o filme Catch my soul, lançado em 22 de março de 1974 e depois esquecido – mal foi resgatado em DVD. Dirigido por Patrick McGoohan e produzido por Jack Good e Richard M. Rosenbloom, ele trazia ninguém menos que o folksinger Richie Havens no papel-título.

O cerne da história se manteve quase o mesmo. De novidade: o drama de Otelo saiu de Veneza e foi para Piccadilly, em Londres, e tudo foi filmado no Novo México. Otelo (Havens) é um pregador com ares hippies. Havens não era o único popstar a trabalhar no filme: Tony Joe White, rei branco do country-soul que fez sucesso com músicas como Polk salad Annie, pegou o papel de Cassio, o cara que supostamente tivera um romance com a mulher de Otelo, Desdêmona (Season Hubley).

A esperança era que o filme conseguisse o mesmo sucesso da versão filmada de Jesus Cristo Superstar. Não deu muito certo nem com o público nem entre os críticos. Muita gente envolvida com o filme tentou explicar porque é que Catch my soul se deu tão mal. Richie Havens disse numa entrevista que McGoohan não era muito comunicativo e não sabia bem o que queria dos atores. McGoohan acusou Jack Good de ter deixado o filme religioso demais – por ter, supostamente, se convertido ao catolicismo no meio das filmagens. Para compensar o fracasso, Catch my soul foi editado e relançado no circuito de drive-ins como Santa Fe satan.

Um dos rastros de Catch my soul no YouTube é o trailer do filme.

Evidentemente, com pelo menos dois grandes nomes da música pop no elenco, não teria como não haver uma trilha sonora. Catch my soul saiu pelo selo Metromedia naquele mesmo ano. Alguns trechos do disco podem ser achados no YouTube.

O filme Catch my soul, por sinal, veio da peça Catch my soul, uma realização de Jack Good que ocupou palcos na Inglaterra em 1969. Mesmo sendo um ator e produtor branco, o próprio Good pegou o papel-título. P. J. Proby interpretou Cassio. Dana Gillespie, cantora cuja carreira se relaciona diretamente com a de David Bowie, esteve no coral da peça. O grupo progressivo Gass estreou na trilha da peça.

Tem trechos do musical, incluindo a atuação de Proby, nessa reportagem da época.

Um detalhe é que em 1968, Catch my soul teve uma versão americana, com Jerry Lee Lewis interpretando Iago, o desafeto de Otelo. Olha aí um papo com o então barbudaço Lewis sobre a peça.

Via Shock Cinema Magazine e Shadow and Act

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