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Os grandes sucessos de… Karlheinz Stockhausen?

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Um dos reis da música clássica contemporânea, o alemão Karlheinz Stockhausen (1928-2007) tem em seu repertório composições como o Helikopter-streichquartett, executado por um quarteto de cordas e por quatro helicópteros (!). Uniu música concreta e eletrônica em várias de suas obras. Uma delas, Licht, lhe custou 27 anos de criação (foi concluída em 2004), dura 29 horas e une as histórias do universo e do homem, numa pesquisa musical e cênica que une ciência e religião. Sua influência chegou a jazzistas, gente da música brasileira, a turma do rock (Beatles, Kraftwerk, Frank Zappa) etc.

Stockhausen

Em 1969, a revista Veja aproveitou que Stockhausen estava de lançamento novo (a peça Stimmung, lançada em Paris) e publicou um artigo sobre o compositor. Lembrou que os Beatles haviam colocado o compositor na capa do disco Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band dois anos antes, e mostrou como o artista via seu próprio trabalho. Pegue uma lupa e vamos ao textinho (print do blog Velhidade).

Agora corta para os anos 1970. Nessa época, o selo alemão Deutsche Grammophon, especializado em música clássica, resolveu lançar uma série de coletâneas de clássicos chamada Festival of hits.

Os discos, apesar de virem de um selo alemão, foram fabricados e comercializados no Canadá. Tanto que o título e os textos são em inglês. A novidade é que entre discos dedicados aos repertórios popularíssimos de Mozart, Beethoven, Bach, Tchaikovsky e Ravel, alguém do departamento de marketing da gravadora não viu muito problema em reunir os “hits” de um sujeitinho difícil como Stockhausen.

Daí saiu esse disco aí, com os maiores sucessos de um compositor conhecido pelo seu experimentalismo e pioneirismo (esse disco saiu no Brasil com o nome de Música moderna – Clássicos para milhões).

Olha aí as capas de alguns dos outros volumes da série.

O visual dava uma variada de acordo com a época (se era relançamento ou não) ou país. O disco dedicado a Tchaikovsky, por exemplo, trazia uma chaleira ou uma ratoeira na capa, dependendo da edição.

Todas as capas traziam objetos brancos que, de alguma forma, apareciam “soltando” notas musicais. A DG canadense resolveu complementar o trabalho e despejar nas lojas uma coletânea dupla do Festival of hits com um invólucro um tanto quanto, er, sensualizante.

Para essa festa do caqui, ninguém convidou o coitado do Stockhausen – o disco tem faixas de Debussy, Berlioz, Brahms, Schumann e outros mais votados. Em compensação, muita gente deve ter comprado o álbum achando que ia escutar as últimas de Donna Summer e Elton John.

Não sabemos como legendar essa foto

Ah, sim, no Brasil essa série do Festival of hits foi lançada ainda no comecinho dos anos 1970 como Para milhões (na base do “fulano para milhões”, “sicrano para milhões”). Em alguns casos, as capas saíram como nos originais canadenses. Em outros, deram uma embaralhada nas capas. Por acaso, a capa do festival de canto gregoriano foi parar no disco do Tchaikovsky (foto tirada do Mercado Livre).

E enfim, tire o tapete da sala e afaste as cadeiras: jogaram o disco do Stockhausen inteirinho no YouTube.

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