Cinema
Odesza, a dupla adorada pelos festivais, invade o cinema
Se você acompanha o circuito de grandes festivais de música, há uma chance de você ter escutado falar do Odesza, mesmo que não tenha ouvido o som deles. No dia 7 de julho, eles invadem os cinemas com The cinematic experience, uma mistura de show ao vivo com “concerto imersivo”, que promete “visuais de cair o queixo” e um set list com as preferidas dos fãs, incluindo também visões privilegiadas sobre a maneira como a dupla de música eletrônica trabalha, e entrevistas com eles e com os fãs. Na quinta (25) saem mais informações sobre em que cinemas o filme irá passar.
O Odesza, caso você nunca tenha escutado falar deles – ora vejam só – já esteve no Brasil. Foi em 2019, no Lollapalooza. Mas ainda é um projeto desconhecido pra uma turma enorme. O Stereogum foi investigar o fenômeno e descobriu que a dupla vinda de Bellington, uma cidade no estado americano de Washington (e que fica a 140 km de Seattle) valoriza tanto o circuito de festivais que tem uma área só para eles em seu site oficial. Harrison Mills e Clayton Knight, que usam os codinomes de Catacombkid e BeachesBeaches, já existem como dupla há bastante tempo: desde 2012, por sinal o ano em que saiu o primeiro disco deles, Summer’s gone.
A moment apart, álbum deles de 2017, foi pro número 3 da Billboard 200. O próprio Stereogum nota que a dupla tá longe de colecionar hits, mas que não sai da liderança de festivais como o Lollapalooza, Bonnaroo, Austin City Limits, Life Is Beautiful, Outside Lands e outros.
Como aconteceu com várias duplas, Harrison e Clayton foram apresentados por um amigo que via similaridades nos trabalhos de ambos. Os dois estudavam na Western Washington University e nem sequer estavam no mesmo curso – o primeiro estava matriculado em desgin gráfico e o segundo estudou física e matemática. Entre as inspirações de ambos estavam Beach Boys e Animal Collective. Deu liga, e os dois começaram a remixar músicas dos Beach Boys para seu próprio prazer, o que influenciou a musicalidade do primeiro álbum. Aliás, numa escutada rápida, dá pra perceber que o forte da dupla é combinar sons dançantes, “hinos” em forma de melodia, ambientação musical bacana e imersão psicodélica.
A dupla foi chamada pelo site Musitech de “globetrotters” e reconheceu que nem tudo que fizeram virou sucesso rapidamente. Harrison e Clayton gostam de trabalhar o dia inteiro e vivem procurando novas melodias. “Ficamos meio frustrados quando as músicas não acontecem rapidamente. Mas as coisas boas exigem esforço. Você precisa investir tempo. Não vai acontecer da noite para o dia. A inspiração precisa ser trabalhada”, contou Knight. Os dois também dizem que uma parte boa do trabalho é achar colaboradores e parceiros. Quando isso acontece, mandam apenas um rascunho de trabalho para o futuro parceiro criar como quiser.
O Stereogum achou fãs da dupla e viu que boa parte deles conheceu o som do Odesza quando estavam totalmente desavisados. “Fui ao show sem saber o que esperar e saí totalmente suado e obcecado depois de um set incrível”, contou um deles. Um outro ficou tão viciado na banda que converteu a namorada, hoje esposa. Higher ground, faixa do disco A moment apart, foi a canção de casamento do casal. Mais: há fãs que viajam quilômetros para conferir o som deles ao vivo. Se você pensou em Grateful Dead e na dedicação dos dead heads, é por aí. E justamente por fazer parcerias com uma turma tão variada, a gama de fãs também varia.
“Eles têm músicas com a vocalista experimental Julianna Barwick e com o nostálgico revivalista de blues/soul Leon Bridges. Esse meio-termo rendeu a eles seguidores fieis e 6,8 milhões de ouvintes mensais do Spotify. Este é um paradoxo benéfico; sua atração unificadora é parte integrante do que os torna um ato tão atraente para os organizadores de festivais”, diz o texto do Stereogum.
Stephen Greene, vice-presidente da empresa que cuida do Bonnaroo, diz que o segredo da dupla é falar com todos os tipos de fãs, e que a banda é interessante para festivais não lá muito nichados. Há também quem alegue que o Odesza é uma boa porta de entrada para futuros fãs de música eletrônica. Fato é que a banda está afetando a vida de muitos fãs e se tornando um daqueles nomes que mesmo mobilizando uma turma enorme, ainda podem ser chamados de “a minha banda” por muita gente.